A noção que temos sobre as coisas está circunstanciada pela nossa experiência pessoal em relação a elas. Por conseguinte, a noção que temos de amor, justiça, paz, esperança, bondade, bem… e misericórdia sofre desta mesma limitação. A nossa verdade é relativa à nossa experiência pessoal. Portanto, não podemos pretender que o que experimentamos seja a verdade total e absoluta sobre nada.
Não temos a verdade total! Isso equivale a dizer que não podemos limitar a grandeza das coisas à nossa limitada compreensão e experiência.
Precisamos reconsiderar nossa prática e relacionamento com Deus, com os outros e com a gente mesmo, dando maior largueza de sentido àquilo que, só por nossa experiência não é esgotado em seu valor e grandeza.
Tomemos como caso particular a misericórdia divina.
Olhando para a Sagrada Escritura vemos a maravilhosa obra da Misericórdia de Deus em todas as suas ações; pequenas ou grandes.
É pela misericórdia de Deus que nós vivemos, nos movemos e somos. A Misericórdia de Deus é infinita porque é a expressão do Ser Total de Deus! A misericórdia de Deus é a justiça do Reino.
Todas as ações de Deus são reveladoras de sua misericórdia. O que Deus quer é que nós sejamos salvos, por isso, por meio de numerosos sinais e prodígios vai estabelecendo no mundo e, particularmente, no coração das pessoas, uma nova maneira de ver, de sentir, de crer, de querer, de amar, de perdoar… Deus é Misericórdia!
Vamos recolher alguns elementos Bíblicos desta verdade:
“Não pensem que eu vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim abolir, mas dar-lhes pleno cumprimento. Eu garanto a vocês: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem sequer uma letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo aconteça” (Mt 5,17-18.20).
Misericórdia entre a ofensa e a reconciliação. “Vocês ouviram o que foi dito aos antigos: ‘Não mate! Quem matar será condenado pelo tribunal’. Eu, porém, lhes digo: todo aquele que fica com raiva do seu irmão, se torna réu perante o tribunal. Quem diz ao seu irmão: ‘imbecil’, se torna réu perante o Sinédrio; quem chama o irmão de ‘idiota’, merece o fogo do inferno” (Mt 5,21-22).
Misericórdia entre o Adultério e a Fidelidade. “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometa adultério’. 28 Eu, porém, lhes digo: todo aquele que olha para uma mulher e deseja possuí-la, já cometeu adultério com ela no coração” (Mt 5,27-28).
Misericórdia entre o juramento e a verdade. “Vocês ouviram também o que foi dito aos antigos: ‘Não jure falso’, mas ‘cumpra os seus juramentos para com o Senhor’. Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo algum: nem pelo Céu, porque é o trono de Deus (…). Diga apenas ‘sim’, quando é ‘sim’; e ‘não’, quando é ‘não’. O que você disser além disso, vem do Maligno” (Mt 5,33-37).
Misericórdia entre a violência e a resistência. “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém, lhes digo: não se vinguem de quem fez o mal a vocês. Pelo contrário: se alguém lhe dá um tapa na face direita, ofereça também a esquerda!” (Mt 5,38-39).
Misericórdia ante o amor. “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo, e odeie o seu inimigo!’ Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos, e rezem por aqueles que perseguem vocês!” (Mt 5,43-44).
Novo critério de fé
“Prestem atenção! Não pratiquem a justiça de vocês diante dos homens, só para serem elogiados por eles. Fazendo assim, vocês não terão a recompensa do Pai de vocês que está no céu” (Mt 6,1).
A experiência da misericórdia de Deus é algo que transforma a vida porque, modifica os hábitos, refaz os critérios, alimenta os sonhos e renova a fé.
É por isso e, por muito mais, eu creio na misericórdia de Deus!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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