Caminhar. Verbo de primeira conjugação. Está submetido às mesmas regras dos verbos desta terminação. Conjugado, por exemplo, no presente do indicativo, esboça o movimento próprio de cada pessoa, no singular ou no plural: eu caminho, tu caminhas, ele caminha, nós caminhamos, vós caminhais, eles caminham.
O verbo caminhar, para além da conjugação e de suas regras indica uma ação e um movimento que faz referência, imediata e aberta, a uma realidade mais ampla: o caminho e a caminhada.
De fato, a nossa história é constituída por todos e cada dos passos no caminho: as idas e voltas; as subidas e decidas, as quedas e reerguimentos; os desvios e acertos… O caminho que se faz caminhando, também, faz a nossa história. Assim é a nossa vida. Esta é a nossa caminhada.
Nós somos caminheiros. Esta é a nossa história!
Acertar os passos significa, antes de tudo, encontrar o caminho e fazê-lo com retidão. Sabendo que, a meta do caminho é que faz a retidão da caminhada. Assim, mesmo com os possíveis e intermináveis desacertos, ao longo do percurso, poderemos fazer as necessárias retomadas tendo claro, à nossa frente, os horizontes estabelecidos pela meta inicial.
Quando olhamos para o Povo de Deus, na Sagrada Escritura, não é difícil identifica-lo como o povo da caminhada.
Nômade, em razão da sobrevivência, o Povo de Deus encontra-se, sempre, a caminho. Levantando o acampamento, estabelece sua tenda no lugar mais próximo da esperança para si e para os seus animais.
A escravidão do Egito põe fim às esperanças, do caminho e da caminhada, do Povo de Deus. Já não há mais caminho; não há mais perspectiva; não há mais expectativa; não há mais horizonte; não há mais passo; não há mais vida. A escravidão domesticou o povo e o subjugou às carnes, peixes, pepinos, melões, verduras, cebolas e alhos (cf. Nm 11,4-5).
Deus põe-se a caminho, em direção ao seu povo e revela-se, a Moisés, o Caminho da vida, da esperança e da Libertação:“Javé disse: ‘Eu vi muito bem a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor contra seus opressores, e conheço os seus sofrimentos. Por isso, desci para libertá-lo do poder dos egípcios e para fazê-lo subir dessa terra para uma terra fértil e espaçosa, terra onde corre leite e mel. Por isso, vá. Eu envio você ao Faraó, para tirar do Egito o meu povo, os filhos de Israel’.”(Ex 3,7-8.10).
Entregando os Dez Mandamentos, gravados em pedra, Deus dá, ao seu povo, um novo sentido ao caminho e à caminhada. É para Deus que devem caminhar, na fidelidade à sua palavra. O salmista reconhece esta verdade, canta esta esperança e ensina esta fé: “Feliz o homem que não vai ao conselho dos injustos, não pára no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores. Pelo contrário: seu prazer está na lei de Javé, e medita sua lei, dia e noite” (Sl 1,1-2).
É nesta perspectiva que Jesus declara: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6) e, ainda, “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e me siga” (Mt 16,24).
Se compreendemos que a nossa vida é o caminho que nós fazemos. Se aceitamos que a nossa caminhada forma a história da vida a caminho, não teremos dificuldade nenhuma de entender que esta é a nossa vocação. Nós somos caminheiros. Deus nos chama para caminharmos por Ele, com Ele e Nele.
Caminhar é preciso. Então, façamos como Elias que, obedeceu ao Anjo de Deus, depois de uma parada sem rumo:“‘Levante-se e coma, pois o caminho é superior às suas Forças’. Elias se levantou, comeu, bebeu e, sustentado pela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Horeb, a montanha de Deus” (1Rs 19,7-8).
Caminhemos! Deus é o Caminho. Ele nos chama à Salvação.
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos