Hoje é mais um dia de luta pela vida, pelo pão na mesa, pela superação dos ‘grilos’, pela justiça social, pela paz, pela felicidade, pela fé… mais um dia para a auto superação e para o enfrentamento dos medos, problemas e obstáculos… mais um dia…

Todo dia é dia de se ocupar com a vida!

Você já notou que, mesmo quando o sol não aparece, a noite não aguenta a emergência e a tensão do dia que a faz curvar ao seu clarão? Já parou para pensar que, atrás da rotina-noite-dia existe a força do tempo que lança sobre nós o desafio de fazer história e ser sujeitos? Já escutou o silêncio te chamando para um diálogo interior: você com você mesmo?”

Não me tome por inoportuno, mas, todos os dias, ao se levantar, você sabe o que vai fazer e o que quer? Você é do tipo que espera as coisas acontecerem para ver no que elas vão dar ou se sente convocado e provocado pela vida a cada novo dia? Se você é do tipo que se programa e planeja a vida, os seus programas e planos estão relacionados a uma BUSCA FUNDAMENTAL ou são projeções para satisfação imediatista e circunstancial?

“Por isso é que eu lhes digo: não fiquem preocupados com a vida, com o que comer; nem com o corpo, com o que vestir. Afinal, a vida não vale mais do que a comida? E o corpo, não vale mais do que a roupa? (…) Não fiquem preocupados, dizendo: o que vamos comer? O que vamos beber? O que vamos vestir? Os pagãos é que ficam procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está  no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Pelo contrário, em primeiro lugar BUSQUE o Reino de Deus e a sua justiça, e Deus dará a vocês, em acréscimo todas essas coisas. Portanto, não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações. Basta a cada dia a própria dificuldade” (Mt 6,25-34).

Nenhuma busca se torna fundamental sem a afirmação do fundamental da busca. Aquilo que buscamos deve fazer referência, imediata, àquele de quem provem o que buscamos. Se Deus é a fonte da busca, ele tem que ser fundamental. Assim, não nos enganaremos a respeito do que é necessário.

Temos muita dificuldade de entender a Deus. Temos muita dificuldade, também, de compreender como é que ele quer ser experimentado.

No meio de tantas imagens que temos sobre Deus, a que parece prevalecer é de um Deus sempre num trono: poderoso, senhor, juiz, grande… Nossa mente parece não compreender e o coração parece não aceitar um Deus encarnado, nascido de uma mulher, que sofre, que chora, que morre…

Até parece que queremos defender Deus do perigo de não ser mais Deus se não estiver debaixo da imagem de Todo-Poderoso. Mas, na verdade, queremos defender a nós mesmos porque não renunciamos enxergar a Deus de um outro modo. Preferimos um Deus com poder do que um Deus com amor porque a mudança de mentalidade equivale a mudança de vida.

A Encarnação do Cristo na vida humana implica a nossa imersão na vida de Deus. O Cristo se nos revela como alimento. Comparativamente, se precisamos do arroz e do feijão para manter a saúde e o bem estar corporal, precisamos de Deus para manter a vida e o bem estar espiritual. Disse Jesus à multidão: “Eu sou o pão da vida.  Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê e mim nunca mais terá sede.  Eu porém, lhes disse que vocês me viram mas não acreditaram” (Jo 6,35-36).

A missão de Jesus é, por conseguinte, a maior manifestação de poder, porque é a maior expressão de amor: “Todos os que o Pai me confia virão a mim e, quando vierem, não os afastarei. Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou…”  (Jo 6,37-40).

É preciso renunciar à falsa segurança que estabelecemos na fé, embasados num ideal de presença e força de Deus que não corresponde ao seu poder de amor encarnado; um poder que alimenta e não domina. Deus é Senhor e, assim, deverá ser conhecido e amado. Nele, nossas buscas se definem pela realização completa.

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

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