A mão é um dos nossos membros mais ativos. É com a mão que realizamos a maior parte das ações. É através das mãos, também, que se concretiza uma infinidade de expressões e gestos de grande poder de comunicação.
Em nosso linguajar não faltam expressões relacionadas à mão: mão-de-obra, mãos-à-obra, mão-de-vaca, mão aberta… que indicam o potencial de realização das mãos. Quer no âmbito simbólico ou biológico a mão é “peça” indispensável para compreender o alcance das nossas obras.
A mão é mencionada numa grande variedade de usos literais e figurativos na Bíblia, a maioria dos quais não apresentam sutilezas; muitos desses usos idiomáticos passaram para a fala moderna usual.
Encher a mão é consagrar os sacerdotes para suas funções (Lv 8,25ss; Jz 17,5.12); a frase denota a colocação, na mão do sacerdote, de pedaços de carne da vítima oferecida em sua consagração. “Enviar” ou pôr a mão em alguma coisa é empreender uma ação.
A mão é levantada quando se presta juramento. Apertar as mãos significa estipular um acordo. A mão é estendida em sinal de ameaça ou de julgamento (de Iahweh, Is 11,15).
A mão deve ser forte; ajudar alguém é reforçar suas mãos (Dt 15,7). As mãos pedem e ficam fracas quando alguém falha.
A obra das mãos de Iahweh são suas criaturas (Jo 14,15). A “mão de Iahweh” aparece freqüentemente: em geral ela fere ou “é pesada”, mas também liberta. Is 9,7-10,4 descreve uma representação das punições de Iahweh com o refrão: “ Sua mão ainda está estendida”.
A mão de Iahweh não está recolhida (Num 11,23; Is 59,1 +), isto é, nada está além de seu poder. Raramente a inspiração profética é descrita com a expressão a mão de Iahweh sobre o profeta (2Rs 3,15; Ez 1,3; 3,14.22; 37,1; 40,1).
Tudo o que está sob a mão de Deus se afirma e cresce (1Cr 29,12). Quem confia se entrega nas mãos de Deus: “Nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Sl 31,15.15; Lc 23,46). Quem nos fez também nos sustenta e nos guia (Sl 119,72; 139,10; Is 42,6). Estamos como que gravados nas palmas da mão de Deus (Is 49,16) Somos nas mãos de Deus como o barro nas mãos do oleiro (Jr 18,6).
O louvor e a ação de graças de todo fiel se expressa pela ação das mãos: mãos erguidas: “Erguei as mãos para o Santuário” (Sl 134,2); mãos que abençoam (At 13,3; 1Tm 4, 14); mãos puras (Tg 4,8); mãos que “cortam” ligações com as obras das trevas (Mt 18,8); mãos que não têm necessidade de tocar para crer como Tomé (Jo 20,25).
Metáfora da mão como poder e força
O que o homem pode fazer é aquilo que está em suas mãos, ou até onde sua mão alcança. Deixar nas mãos de alguém é deixar em seu poder ou posse; e tirar das mãos significa, pelo contrário, libertar. Pedir da mão significa tomar da posse de alguém, tirar; e dado que a mão é o instrumento da ação, exigir da mão significa pedir contas, julgar.
“Pela mão de” significa por meio de; a frase é tão convencional que é usada mesmo quando o agente é um animal ou um objeto inanimado.
Não se encontra na Bíblia a superstição comum referente ao bom e mau agouro da mão direita e da mão esquerda respectivamente. O que existe é o conselho da perseverança na caridade no uso das mãos: “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo te recompensará” (Mt 6,3).
Conserve a tua mão isenta do pecado e suplique que a mão de Deus não se afaste de ti. Nisso consiste a tua fidelidade e o amor de Deus.
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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