As palavras que formam o título deste artigo são tiradas da oração da Ave Maria. Tais palavras nos levam a pensar sobre o significado da vida e da morte e a meditar sobre o seu sentido numa existência que se configura num tempo e num espaço bem preciso e definido, embora não totalmente controlado por nós.
A esse respeito, muitas são as abordagens, sentimentos, idéias e convicções.
A cultura budista, da Ásia, compreende a vida dentro de quatro etapas: nascimento, ancianidade, enfermidade e morte. Em cada uma delas, o sofrimento está presente, como inevitável destino humano que implora salvação.
Não precisamos considerar a morte como algo terrível. Desde que Jesus ressuscitou, a morte foi desdramatizada e se transformou em ante-sala da vida.
São João Paulo II, em seus escritos afirmava: “Basta olhar a variação da paisagem no decorrer do ano, nas montanhas, nas planícies… Há uma íntima semelhança entre o biorritmo do homem e os ciclos da natureza da qual ele faz parte. É verdade, pois a vida que nasce, a vida que cresce e a vida que chega ao seu ocaso constituem três momentos do mistério da existência, da vida humana que provém de Deus; é um dom, sua imagem, sua marca, participação do seu sopro vital”.
A vida é o bem supremo, dado a nós por Deus. Nesse sentido, cada instante vivido, deveria ser vivido nele, com ele e, por ele.
O Nascimento é sempre irrupção da vida; é o princípio de qualquer existência; é o auge de uma gestação; é o diálogo primordial entre o espaço e o tempo; é a síntese entre o começo e o fim é o tudo da vida. Sem nascimento não há existência!
A experiência humana mostra que o nascimento é algo muito forte. Em nossa cultura, cultivamos e cultuamos, através de diversos símbolos (cantigas, bolos, presentes…), a renovação da vida; re-nascimento ritualizado no aniversário. Para além da gênese de algo ou de alguém, buscamos um significado que lhe ultrapassa.
A Ancianidade é contingência humana. Na Sagrada Escritura, a longevidade (ancianidade ou envelhecimento) é sinal da benevolência de Deus (cf. Gn 11,10-32). De um modo geral, o idoso é sempre representação da sabedoria e da experiência. Embora, nem sempre, isso corresponda ao respeito, ao valor e aos direitos que lhes são devidos. Porque, em muitas sociedades e culturas, idade avançada é problema. É só conferir o lugar dos idosos nos planos de saúde, na previdência…
A Enfermidade e as doenças, na vida humana, mais do que defeito, indicam nossa finitude. Podem acometer pessoas de todas as idades, classes, línguas e nações. Enfermidades e doenças devem ser pensadas para além do circunstancial, do fato em si.
Na fé, para compreendermos o lugar das doenças precisamos focalizar o valor do corpo humano. “O corpo humano é sagrado; o divino habita nele” diz Paulo VI.. “É. portanto, o amor cristão que dá valor e sentido à nossa existência, mesmo quando a enfermidade e a doença comprometem a integridade do nosso corpo porque, há em nós uma dimensão da vida que não é condicionada pelo estado de nosso físico, mas pelo amor que sabemos dar”, afirma o bispo vietnamita, Van Thuan, em seu livro, Testemunhas da Esperança.
A Morte é a coisa mais séria da vida, a maior dentre todas as provações; é o auge de nossa vida; é a última oferta que podemos fazer a Deus, aqui na terra. Mas, por estar sempre acompanhada por uma forte carga de sentimentos, a morte é, geralmente, rejeitada como parte (natural) integrante da vida.
Na cultura vietnamita há um provérbio que diz: “A vida é uma peregrinação; a morte, um retorno para a casa”.
Na concepção cristã, a morte não é o fim, mas o (re)começo porque, na morte, a vida não é tirada, mas transformada. E, se por um lado é desfeita a morada deste exílio terreno, por outro lado é-nos preparada uma habitação eterna no céu (cf. 2Cor 5,1-10).
Nossa vida tem futuro e, não há morte que nos segure!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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