Será que a paróquia não é uma estrutura ultrapassada? É a pergunta que muitos se fazem. Certamente, a paróquia não é uma estrutura ultrapassada. Ela continua sendo a referência para os batizados. Historicamente, a paróquia tem sido a presença pública da igreja nos diferentes lugares, tendo passado por diversos momentos de renovação, como necessidade vital para a sua existência até nossos dias.
O Papa Francisco diz que a Paróquia “não é uma estrutura caduca, precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do pastor e da comunidade.” (EG, 28). Esta palavra do Santo Padre deu respaldo à 52ª Assembleia Geral da CNBB, em maio deste ano, quando nós bispos debruçamo-nos sobre o tema da renovação da paróquia e lançamos o documento de número 100, intitulado “Comunidade de Comunidades, uma nova paróquia”. O documento convoca toda a Igreja para a conversão pastoral da paróquia.
Os novos contextos dos tempos atuais, como o progresso científico, a emergência da subjetividade, as novas tecnologias, o avanço dos meios de comunicação; e os novos cenários da fé e da religião, como o pluralismo religioso, a religiosidade subjetivista e experimentada por vias midiáticas proporcionam comodidade e bem estar, mas criam dificuldades para a vivência da fé cristã. Por exemplo, o acesso à comunicação enfraquece os vínculos comunitários e as relações pessoais. Diz-se que as redes sociais “aproximam os que estão longe e distanciam os que estão perto.” Esta situação anuncia que é urgente e crescente o desafio de a paróquia se renovar em vista de sua missão, e para que ela seja espaço de acolhida e de encontro com Deus e com os irmãos(as).
A conversão pastoral da paróquia é uma conversão para a missão, que supõe passar de uma pastoral ocupada apenas com as atividades internas da Igreja, para uma pastoral que dialogue com o mundo. A paróquia missionária há de ocupar-se menos com detalhes secundários da vida paroquial e focar-se mais no que realmente propõe o Evangelho, buscando maior fidelidade ao que Jesus quer da sua comunidade. É exigência da missão a renovação dos costumes, estilos, horários e linguagem. Só assim toda a estrutura eclesial favorecerá mais à evangelização do que à autopreservação da paróquia. (CNBB, doc. 100, n. 59)
Enquanto a comunidade paroquial for autorreferencial, ocupando-se apenas de suas questões internas, tende a atrair cada vez menos pessoas, pois “o discípulo de Cristo não é uma pessoa isolada em uma espiritualidade intimista, mas uma pessoa em comunidade para se dar aos outros.” (Papa Francisco, Mensagens e homilias, JMJ Rio, p. 90)
A paróquia atual está desafiada a se renovar. Isso implica ter coragem de enxergar os limites das práticas atuais em vista de uma ousadia missionária capaz de atender aos novos contextos que desafiam a evangelização. O encontro com Cristo é a fonte perene da renovação da paróquia.