Vigesimo Primeiro Domingo Tempo Comum
A porta é estreita, mas está aberta
Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam? (Lc 13,23). É uma pergunta à qual Deus não responde. A fé não responde a todas as interrogações e, sobretudo não responde às curiosidades. A fé dá certeza, mas não sempre e em tudo dá clareza. Muitas vezes a fé é caminho no escuro. Portanto, em nome da fé não posso pretender entender tudo. Ao contrário, a fé me faz compreender a minha pequenez e me dá alegria de sentir-me protegido por Deus. Entendamos, portanto a atitude de Jesus. Ele não só não responde à pergunta, mas exposta a atenção sobre o verdadeiro problema e diz: Fazei todo possível para entrar pela porta estreita (Lc 13,24).
Em outras palavras Jesus quis dizer que não importa saber quantos se salvam; o que importa é saber como nos salvamos. Jesus leva o seu discurso nesta direção: o seu Evangelho vai sempre direto ao coração da pessoa e convida cada um a começar por si próprio a mudança do mundo.
Eis a primeira parte da resposta de Cristo: A porta é estreita. Em outras palavras ele diz que a nossa libertação, a conquista da salvação, o caminho da felicidade passa através da cruz, através do martírio. A fé de uma pessoa torna-se adulta só quando a cruz não escandaliza mais, quando não desencoraja mais, mas torna-se caminho quotidiano com Cristo e acolhida da força de Cristo na própria vida. Assim entenderam os santos. Esta é a primeira verdade do Evangelho: a vida é bela não quando a vivemos no egoísmo, mas quando nos apropriamos da cruz e a enchemos de um amor que liberta.
Depois de ter recordado esta incômoda verdade, Jesus desenvolve a conseqüência: se a estrada de Deus passa através da cruz, todas as outras estradas distanciam de Deus. Portanto serão excluídos do encontro com Deus todos aqueles que, mesmo freqüentando o culto, mesmo conhecendo o Evangelho, mesmo conhecendo os sacramentos, vivem uma vida que contradiz a proposta de Deus. Ou seja: contra o verdadeiro amor, contra o amor que abraça inclusive o sacrifício. Recordemos as palavras de Jesus: Então começareis a dizer: Nós comemos e bebemos diante de ti e tu ensinaste em nossas praças! Ele, porém, responderá: Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça (Lc 13,26-27). É um risco do qual nos fala abertamente o Evangelho. Somos livres para escolher entre o amor e o egoísmo.
É nesta mesma linha de pensamento que a Segunda Leitura nos orienta (Hb 12,5-7.11-13). “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende… Qual o filho a quem o Pai não corrige? Nenhuma correção parece alegrar, causa dor, depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados. Portanto, firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos, acertai os passos dos vossos pés”. Assim sendo, meus irmãos e irmãs, esforcemo-nos para que a nossa fé, de fato, seja vivenciada em conformidade com o ensinamento da Palavra de Deus. Permitamos que Senhor nos corrija! Convertamo-nos! Deixemo-nos moldar pelas mãos do Oleiro.
A liturgia de hoje nos ensina, portanto, que a estrada de Deus é aberta a todos: ninguém é excluído, ninguém! Mas também ninguém é privilegiado! O único problema da vida é encontrar Deus, mas não intelectualmente e sim vivendo a sua caridade nas cruzes do empenho de cada dia, se corrigindo, crescendo, socializando-se, tornando-se santo/a. Todos nós sabemos que ninguém vence uma corrida sem sacrifício! Ninguém consegue conquistas, sem renúncias, sem abnegação, sem foco. Lembremo-nos dessa lição: a porta é estreita, é verdade, mas está aberta. Com um pouco de sacrifício haveremos de passar por ela.

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