ANIVERSÁRIO DA DEDICAÇÃO DA CATEDRAL DE OEIRAS 2025
Feito chuva que verdeja o sertão / Deus plantou-se neste chão
Eis que a Virgem da Vitória / A Mãe da nossa história nos chama pra missão
Firmes na fé e na verdade / Em tudo a Caridade, em tudo a Comunhão.
Amados irmãos e irmãs! Estimados sacerdotes, diácono, religiosas, religiosos e animadores missionários das diversas pastorais, serviços e movimentos!
Alegremente, vibramos no Senhor, por estarmos aqui reunidos em oração, juntos a Virgem da Vitória, padroeira de nossa Diocese e do Piauí, celebrando a última noite de sua novena e fazendo a memória dos dezoito anos de dedicação de nossa amada Catedral. Este templo que ora o contemplamos, possui grande valor histórico e cultural, e representa para a nossa comunidade católica um símbolo de nossa fé. Eis o templo de pedra no qual se edifica a Igreja povo de Deus, corpo místico de nosso Senhor Jesus Cristo. “Como a Igreja subiremos ao altar do Senhor!”
O templo é o lugar de referência e de encontro, pessoal ou comunitário, para os membros das comunidades eclesiais. Por isso devemos cuidar com esmero para que o ambiente seja agradável, convidativo e favorável à oração, à interiorização, ao encontro com o Senhor. Evidentemente, a existência da comunidade não está condicionada à existência do templo. Nem todas as nossas comunidades têm templos.
Na primeira leitura que ouvimos hoje, por exemplo, do livro de Neemias (Ne 8,2-10), acontece o encontro dos fiéis com Deus fora do contexto do templo. O sacerdote Esdras, na praça (e não no templo), apresenta a Lei de Deus, diante da assembleia de homens e mulheres. “O povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei, desde o amanhecer até o meio-dia… E todos eram capazes de compreender” (v. 3). E o povo foi instruído pelo governador Neemias, por Esdras, o sacerdote e escriba, e pelos levitas: “Este é um dia consagrado ao Senhor, nosso Deus! Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força” (9-10). Assim sendo, dizer que o templo é referência, não significa dizer que a oração e a comunicação com Deus se dão única e exclusivamente no templo.
Na segunda leitura, da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (3,9ss), o escritor bíblico utiliza a linguagem metafórica e faz a correlação de nossa vida com a construção. “Vós sois construção de Deus” (I Cor 3,9). Neste caso, nós mesmos somos templos do Senhor. Esta construção tem como alicerce Jesus Cristo, e por isso nos tornamos santuários de Deus, morada do Espírito Santo (cf I Cor 3,11.16). É gratificante interiorizarmos este ensinamento: Deus vai nos moldando, nos edificando. A edificação se dá dentro de um processo. Não nascemos prontos. Deus vai nos preparando. Quanto mais permitirmos que o Espírito Santo nos habite, mais este templo terá uma base sólida.
No Santo Evangelho ouvimos o texto narrado por João (2,13-22). O Templo, que deveria ser o lugar do culto ao Deus verdadeiro da Bíblia, o Deus de libertação, o Deus dos pobres e sofridos, Jesus encontra um verdadeiro mercado, onde, no pátio externo, era possível comprar os animais para os sacrifícios, e trocar a moeda, uma vez que a moeda corrente do país não era aceita no Templo.
Quando atacava esse comércio, Jesus estava indo além da mera condenação de um abuso, pois os animais e o câmbio eram necessários para o funcionamento do Templo. Como Jesus substituiu a purificação dos judeus no sinal das Bodas de Caná, aqui Ele demonstra que o centro do culto judaico perdeu o seu sentido, pois a presença de Deus, antes achada no Templo, agora deturpado pela elite religiosa e política, doravante reside em Jesus, o Filho de Deus encarnado. Jesus é o Templo!
João entende que o templo é o corpo de Jesus, que será ressuscitado em três dias. As autoridades judaicas destruíram o sentido do Templo, abusando do povo economicamente, e estas também vão destruir o corpo de Jesus, matando-o; mas Jesus tem o poder de reerguer o verdadeiro Templo onde habita Deus, na ressurreição, depois de três dias.
Assim sendo, este texto nos traz um alerta: Jesus não veio compactuar com uma religião exploradora, alienadora e aliada ao poder, mas para encarnar as opções do Deus Javé, libertador dos males e de toda exploração; Ele veio “para que todos tenham a vida e a vida em abundância” (Jo 10,10). Uma religião que abandona a sua função profética é tão traidora como a religião decadente das elites do Templo.
Preparando-nos para celebrar os 80 anos de história de nossa Diocese, cuja celebração ocorrerá dia 07 de outubro do corrente ano, nesta mesma praça que agora nos encontramos, peçamos ao Divino Espírito Santo e a Nossa Senhora da Vitória que nos ajudem a sermos sempre interlocutores do Senhor, para comunicarmos a verdade e a paz, a justiça e o amor, o perdão e a reconciliação. Deus nos dê a graça de testemunharmos a fisionomia de uma Igreja comprometida com os ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos indicam luzes para sabermos acolher, incluir, curar, animar, libertar, reintegrar, esperançar.
Que Maria, Mãe da Vitória, peregrina de esperança, nos ensine e viver com coragem, convicção e determinação a nossa missão de batizados, sem nunca perdermos o foco deste ensinamento do seu Filho Jesus Cristo.
Concluo convidando-lhes a entoarmos o hino jubilar de nossa amada Diocese, com Letra do Diácono Gutemberg Cavalcante Rocha e Música do Pe. Edivaldo Pereira dos Santos:
Jubileu, festa do Povo/ Oitenta anos, que alegria
Sob o olhar do Velho Mocha / Realizou-se a utopia
Diocese de Oeiras / Nossa Senhora abençoou
E Jesus de passo em passo / Nos campos e cidades saiu plantando o amor
O Paráclito Divino / Os corações ao alto em chamas abrasou
Feito chuva que verdeja o sertão/ Deus plantou-se neste chão
Eis que a Virgem da Vitória / A Mãe da nossa história nos chama pra missão
Firmes na fé e na verdade / Em tudo a Caridade, em tudo a Comunhão
Uma Igreja sinodal / É a novidade, é a raiz
Peregrina da Esperança / Eu vos envio, Cristo nos diz
Ide, fazei discípulos meus / Todos os povos; vos dou a Paz
Pra que todos tenham vida / Em todas as paróquias e áreas pastorais
A Mãe leva ao Salvador / É tudo para o bem do rebanho do Senhor