Décimo Quinto Domingo Tempo Comum
Quem não ama o próximo não ama Deus
O Evangelho de hoje é o coração da mensagem de Deus. É a explicação de tudo. Procuremos escuta-lo e fazê-lo frutificar. Tudo parte de uma pergunta que é decisiva: Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna? (Lc 10,15). Hoje poderíamos perguntar: Senhor, que sentido tem a vida? Que devo fazer para encontrar a verdadeira felicidade? Não existe interrogação mais decisiva do que esta. A maior pobreza de um indivíduo é aquela de quem não sabe por que vive. Jesus responde perguntando ao mestre da lei o que Deus tem ensinado a Israel: Amarás a Deus sem limites. Uma resposta que talvez já se esperasse. O que há de novo nesta história? De fato toda religião prega o amor a Deus. Mas eis a novidade de Cristo: Amar a Deus e amar o teu próximo. Só assim terás a vida eterna.
Aqui há um grande salto. Um salto que mudou a história religiosa. Deus e o próximo não se pode separar! Portanto, se queres saber o quanto amas a Deus, olha o quanto amas o teu próximo! Com a célebre resposta dada ao doutor da lei, Jesus colocou o próximo no centro de tudo, a tal ponto que Deus mesmo não se pode amar sem amar o próximo.
No entanto, para fugirmos deste caminho que nos obriga a expulsar o egoísmo somos levados a perguntar: E quem é o meu próximo?. Jesus responde com a parábola que é surpreendente. Jesus imagina um samaritano (que na época era considerado herético) descendo de Jerusalém para Jericó e este encontra um judeu (que na época era considerado o verdadeiro crente). O judeu está à margem da estrada ferido. Passam aqueles que segundo a mentalidade da época eram os bons: o sacerdote e o levita. Passam mas não intervêm. Evidentemente é Jesus quem constrói a parábola e com esta particularidade quer recordar-nos uma verdade: para ser bom, diante de Deus, não basta pertencer a uma categoria. É necessário ter atitudes concretas de amor ao próximo para provar a fidelidade e o amor a Deus. Que lição! Deus é de fato verdade infinita.
E Jesus continua: Chega o samaritano, o herético, aquele que aos olhos de muitos parece ser mal. O que faz? Tem compaixão! Intervém! Ele não diz: é um meu inimigo. Não diz: O que tenho a ver com isto?. Não diz: É culpa sua! Por que passou por aqui?. Não, nada disso. Vive o altruísmo mais puro, superando todas as fronteiras, todas as distâncias. Age de tal modo que o faz assemelhar-se a Deus.
Eis a conclusão de Jesus: Vai e faze a mesma coisa. Estas palavras nos são dirigidas hoje. Todos nós sabemos quem é o nosso próximo. Basta abrir os olhos, basta querer ver!
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras