Domingo da Páscoa
Renova-se a esperança
Nós seres humanos temos necessidade de algo que vá além desta realidade da terra. Por natureza, sentimos a necessidade do transcendente. No curso dos séculos os vendedores da felicidade e do paraíso têm prometido uma solução. Têm dito: será a cultura a fazer o homem feliz! Mas não foi assim. Têm dito: Será o progresso que fará o homem feliz! Mas não foi assim. Têm dito: será a boa vida a fazer o homem feliz. Mas não foi assim. Têm dito: Será a liberdade de toda lei moral a fazer o homem feliz! Mas também não foi assim. O que precisamos é rejuvenescer o mundo e as pessoas. O Evangelho é o caminho, pois é sempre novo. Hoje anunciamos a juventude do Evangelho e pronunciamos o nome da esperança doada ao homem: se chama Cristo Ressuscitado. Na mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, neste ano de 2025, cujo tema é: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações, fundamentado em 1 Pd 3,15-16, o Papa Francisco nos diz: No íntimo do coração, confessai Cristo como Senhor. A esperança dos cristãos tem um rosto: o rosto do Senhor Ressuscitado. Ele promete estar sempre conosco. Através do dom do Espírito Santo permite-nos esperar contra toda esperança…
Vamos ao Evangelho: Tiraram o Senhor do túmulo e não sabemos onde o colocaram (Jo 20,2). O túmulo vazio. O que significa? Significa simbolicamente a vitória de Cristo. Vitória da vida sobre a morte. “Por que procurais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, ressuscitou! (Lc 24, 5-6). A partir daquela experiência do túmulo vazio algumas mulheres e os discípulos se encorajaram, superaram todos os medos e assumiram decididamente a missão confiada pelo Mestre e Senhor.
Também hoje a Igreja testemunha e anuncia como fez através dos séculos: Jesus Cristo, morto na cruz, ressuscitou, está vivo e presente no meio de nós! Por infinita condescendência para conosco, Deus tornou-se próximo de nós e manifestou-nos amor sem medida, iluminou e deu sentido novo à vida através da ressurreição de Jesus.
A Páscoa, passagem das trevas para a luz, da morte para a vida, empenha-nos decididamente na superação dos sinais de morte ainda presentes na cultura e na convivência humana. O anúncio pascal traz a certeza de que a injustiça, o egoísmo, a violência, o ódio, o racismo, o preconceito… não terão a última palavra sobre a existência.
Falando de preconceito, vocês sabem o que significa capacitismo? É o preconceito contra pessoas com deficiência, seja física, mental, intelectual ou sensorial. É a discriminação que pressupõe que alguém é incapaz, apenas por ter uma deficiência. É a crença de que existe um padrão corporal perfeito, tratado como “normal”. Facilmente caímos neste pecado por meio de termos pejorativos e preconceituosos como “portador”, “aleijado”, “ceguinho”, “mudinho”, e assim por diante. Por meio de ditados populares e expressões como “mais perdido do que cego em tiroteio”.
A Páscoa nos impele a fazer a passagem, mudando a mentalidade e superando este tipo de preconceito.
Meu irmão! Minha irmã! Jesus Ressuscitou! Não está mais entre os mortos! O amor de Deus, manifestado a nós na ressurreição de seu Filho Jesus Cristo, alimenta a alegria e a esperança; ao mesmo tempo, faz-nos participar da edificação da sociedade, segundo os critérios da verdade, da justiça, da solidariedade, da paz e do amor. A Páscoa de Jesus é sinal da vitória possível sobre a morte e sobre todos os males. Jesus Cristo, que passou da morte para a vida, fortifique nossa esperança. O Deus da vida abençoe a todos.
Feliz Páscoa!
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras