Reflexão de Dom Edilson Soares Nobre por ocasião da Missa do Crisma

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MISSA DO CRISMA 2025

Amados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo!

Estamos celebrando mais uma Semana Santa, oportunidade favorável que nos possibilita vivenciarmos com intensidade os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Quanta riqueza a simbologia litúrgica nos comunica nestes dias.

A Cruz, que se faz presente em todas as nossas atividades litúrgicas, recebe hoje, nesta Catedral, um destaque especial. Esta é a cruz peregrina que está percorrendo todas as Dioceses, passando pelas paróquias e áreas pastorais, com o intuito de fomentar a participação dos fiéis de nossas comunidades na Romaria da Terra e da Água; um projeto pensado pelas oito dioceses do Piauí e que terá como palco, neste ano de 2025, a cidade de Bom Jesus do Gurguéia, dias 19 e 20 de julho. Em função desta Romaria, estamos refletindo o tema “Ecologia integral a serviço da vida” e o lema “Com carinho preparastes essa terra para os pobres” (Sl 67,11). Eu dizia sexta feira passada e reitero agora que, ao falarmos de ecologia integral, não estamos tratando de uma questão externa à Igreja, como se fosse um discurso isolado, à parte da vivência da fé. Estamos, na verdade, mergulhando no coração do Evangelho, que nos ensina como toda criação de Deus é interdependente. Não somos meros habitantes do planeta; somos parte dele, afinal tudo está interligado, cada ação nossa reverbera na vida do outro. A fome do próximo nos diz respeito, assim como a degradação do meio ambiente nos afeta. A injustiça social não é problema apenas de quem sofre, mas de todos nós. A ecologia integral, portanto, não é apenas sobre preservar a natureza, mas sobre reconhecer que somos natureza.

Adentremos agora na liturgia de hoje, denominada MISSA DO CRISMA. Ela acontece dentro do contexto da Semana Santa, na Quinta-Feira Santa ou em dias precedentes. Em Oeiras, por razões pastorais, costumeiramente, realizamos na segunda-feira da Semana Santa.

Em alguns instantes, iremos abençoar o óleo dos catecúmenos e dos enfermos e consagrar o Santo Crisma. O óleo dos catecúmenos será abençoado e disponibilizado para o Batismo daqueles que serão inseridos na vida da comunidade católica. O óleo dos enfermos servirá como possibilidade de alívio e de cura para os féis enfermos que recebem o sacramento da Unção. Com o Santo Crisma consagrado serão ungidos os recém-batizados, os que vão ser confirmados, os que serão ordenados, presbíteros ou bispos, quando a Igreja os escolhe para tal missão. Com o santo Crisma, é possível também ungir as Igrejas e seus respectivos altares.

A Missa Crismal reforça a unidade da Igreja, por isso, dentro de alguns instantes, nossos presbíteros renovarão suas promessas sacerdotais diante do bispo, reafirmando aquelas promessas feitas na ordenação. Renovar para reaquecer o coração, voltar à fonte e preservar com entusiasmo no exercício do ministério que a Igreja os confia. Trata-se de um ministério muito especial reservado a alguns homens que foram tirados do meio do povo para assegurar a continuidade da missão da Igreja, sobretudo, na administração dos sacramentos e na garantia de sua unidade, funções que lhes são próprias.

O sacerdócio nasce da Eucaristia e é dom para a unidade. Dentro da comunidade, as relações recíprocas são avaliadas em nível de serviço e não de poder, e encontram sua mais perfeita expressão no momento da ação Eucarística. Quem preside à comunidade e é por ela responsável, preside também a Eucaristia; reúne-a na oração comum, como a une nas diversas atividades da palavra e do auxílio mútuo.

A responsabilidade é desafiadora. Porém, também é desafiadora qualquer outra missão que um cristão leigo assuma na sociedade, tendo presente a sua identidade cristã. No entanto, não tenhamos medo, pois, o Senhor está conosco! Assim ele promete: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).

Como sentinelas do Senhor, vigilantes e em contínua oração, busquemos a luz de sua Palavra. Hoje, ouvimos quatro textos bíblicos: Isaías 61,1-3a.6a.8b-9, Salmo 88, Apocalipse 1,5-8 e Lucas 4,16-21. Farei somente alguns destaques.

Os textos ajudam-nos a perceber que a missão profética de Jesus é anunciada desde os tempos antigos, pelos profetas; e hoje, a missão profética de Jesus é continuada por seus ministros sagrados, aqueles que receberam o sacramento da Ordem, assim como também pelos consagrados e leigos engajados que, cientes da missão recebida no batismo, exercem o seu protagonismo na família, na Igreja e na sociedade.

Em Isaías é descrita a missão do profeta como pregador da salvação e do amor de Deus pelo seu povo, agora purificado pelo exílio. O objeto do seu anúncio é a libertação, através da qual Deus reconduzirá o povo à sua terra, fará com ele um novo pacto e o ternará um povo sacerdotal.

O Evangelho nos ensina que na nova e eterna aliança tudo tem valor porque tudo procede do Ungido por excelência, Jesus Cristo. Nele, como ele mesmo declara, realiza-se em plenitude o texto de Isaías, 61,1-2. Jesus demonstra através das obras a sua missão. Que missão?  Anunciar a boa nova aos pobres, libertar os cativos, iluminar os cegos, libertar os oprimidos, proclamar um ano da graça do Senhor. Trata-se de um tempo jubilar, um momento novo criado pela presença de Deus em nossas vidas. O ano da graça de Deus chegou! Ele começou com a Ressurreição de Jesus e nunca mais vai acabar.

A segunda leitura nos coloca diante de uma releitura dos textos do Êxodo e Isaías à luz do Evangelho de Cristo. Jesus, libertando-nos do pecado, faz de todos nós o novo e definitivo povo sacerdotal. O conceito de sacerdócio implica no conceito de consagração, cujo sinal exterior é a unção com o óleo santo. Por isso a Igreja continua a consagrar os óleos que servirão para assinalar a fronte dos seus membros.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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