XXXII Domingo Tempo Comum
Quem reza mais, deve amar mais!
No evangelho de hoje Cristo nos diz: Guardai-vos dos escribas. Por quê? Os escribas como tal, são maus? Não! Como em qualquer meio social existem os bons e os maus. Nunca devemos generalizar. Escutemos atentamente as palavras de Jesus para entendermos os motivos da sua condenação: Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas vistosas. Mas isto não é pecado! Gostam de ser saudados nas praças. Qual é o mal? Ocupam os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes. É certo que há um pouco de vaidade, mas não é um grande pecado. Então, onde está o ponto decisivo? Jesus continua: Mas devoram as casas das viúvas e simulam fazer longas preces (Mc 12,40). Aqui está a condenação, aqui está o aviso: Guardai-vos! Estai atentos!. Rezamos e depois traímos a caridade. Aqui está o grande pecado. Jesus condena a hipocrisia e nos recorda: quem reza mais, deve amar mais. Quem se aproxima de Deus, deve assemelhar-se a Deus.
Às vezes, costumamos dizer: Deus não me escuta!. De fato, é Deus que não nos escuta ou somos nós que não escutamos Deus? É necessário rezar para amar, perdoar, dialogar sempre mais. Quando fazemos este tipo de pedido, Deus nos escuta sempre.
O culto que realizamos deve ser para a vida. A Missa deve tornar-se vida. O milagre semanal é este encontro no qual nós revivemos a mais prestigiosa lição de amor e nós escutamos repetir: Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19).
O evangelho continua: Os escribas que rezam, mas não vivem a caridade… recebem uma condenação mais grave.
Cada dom de Deus é uma responsabilidade: eu não fui criado para mim, mas para os outros e, portanto, tudo o que deixo de dar ao próximo, eu deixo de dar a Deus. Resta uma dúvida: em que medida eu devo doar? Até que ponto eu devo investir na vida por Cristo?
Jesus responde comentando uma cena do templo. As pessoas encontravam-se no templo e faziam as suas ofertas. Jesus observou que os ricos lançavam muitas moedas, mas não na proporção que deveriam lançar. Certamente, o que ofereciam era insignificante diante do que Deus lhes havia proporcionado. Mas eis um quadro que lhe toca: aparece uma viúva (estas eram reconhecidas por causa de suas vestes). A viúva lança duas moedinhas de prata. Intervém Jesus: Esta pobre viúva lançou mais que todos (Mc 12,43). Por quê? Ela deu apenas duas moedas! Deu mais do que todos, porque os outros deram a sobra e esta deu tudo o que tinha. Aqui nós aprendemos que Deus julga partindo do que existe em nossos corações e não da superficialidade, daquilo que se ver por fora.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras