ANIVERSÁRIO DA DEDICAÇÃO DA CATEDRAL DE OEIRAS 2024
“Com festas e luzes, louvemos ao Senhor”
Querido povo de Deus! Estimados sacerdotes, diácono, religiosas, religiosos e animadores missionários das diversas pastorais, serviços e movimentos!
Mais uma vez, aqui estamos vivendo a experiência de oração, de encontro, de regozijo, de celebração, juntos a Virgem da Vitória, Mãe de Deus e nossa Mãe; ela que continuamente ensina os seus filhos a rezar. Assim como fizeram os apóstolos quando se reuniram no Cenáculo para rezar junto à Virgem Mãe de Deus, também nós, desejamos fazer tal experiência, deixando-nos imbuir pela força e impulso do Espírito Santo de Deus, para que Ele toque o mais profundo do nosso ser.
Este nosso encontro é fruto de várias motivações: a primeira motivação é o aniversário de dedicação desta Igreja Catedral dedicada a Nossa Senhora da Vitoria. Mas também agregamos outras razões significativas: os festejos da Virgem da Vitória, padroeira de nossa diocese e do Piauí; o ano de oração em preparação ao Jubileu da Esperança, prestes a ser celebrado em 2025 no mundo inteiro; os preparativos para o Jubileu de nossa diocese que em 2025 completa 80 anos de história e de ação evangelizadora no semiárido piauiense. Estas motivações nos impulsionam a vivermos o espírito da sinodalidade, como sinal de comunhão, participação e missão.
O Pontifical Romano, ao mencionar a dedicação de uma Igreja, afirma: “Por sua morte e Ressurreição, Cristo tornou-se o verdadeiro e perfeito templo da Nova Aliança e reuniu o povo adquirido. Esse povo santo, reunido pela unidade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, é a Igreja ou templo de Deus, construído de pedras vivas, onde o Pai é adorado em espirito e verdade. Com muita razão, desde a antiguidade deu-se o nome de “igreja” também ao edifício no qual a comunidade cristã se reúne, a fim de ouvir a palavra de Deus, rezar em comum, frequentar os sacramentos e celebrar a Eucaristia”.
A Igreja templo deve ter a cara dos fiéis, pois, ela é para o mundo um sinal da Igreja povo de Deus. Daí a importância do zelo que devemos ter por esta casa. É bom cuidar bem da casa do Senhor. Evidentemente, este zelo não pode ser excessivo, a ponto de nos descurarmos no cuidado e atenção às as ovelhas do nosso rebanho; especialmente aquelas que se encontram feridas, seja física, psicológica ou espiritualmente, as famintas, maltratadas, excluídas, desnorteadas ou perdidas. O nosso Mestre Jesus Cristo nos interpela: “Em verdade vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mínimos que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40).
As orações que escolhemos para a liturgia de hoje são próprias para o Aniversário da Dedicação de uma Igreja. Porém, os textos bíblicos nos permitem vivenciar a Vigília da Assunção de Nossa Senhora, invocada entre nós com o título de Nossa Senhora da Vitória.
A Primeira Leitura, do primeiro Livro das Crônicas (capítulos 15 e 16), nos ensina que devemos primar pelos símbolos sagrados. A Arca da Aliança, por exemplo, tem um significado todo especial para os Israelitas, pois, nela estão contidas as tábuas dos Dez Mandamentos. O povo de Deus é convocado por Davi para transportar a arca do Senhor para a Tenda que tinha sido preparada para tal fim. E isto não acontece de qualquer jeito, pois, ela representa a presença de Deus em meio ao seu povo. O ato, portanto, acontece em forma de rito: os filhos de Levi a conduzem, com os varais sobre os ombros; os cantores entoavam cânticos festivos, com instrumentos musicais, harpas, cítaras e címbalos; todos oferecem na presença de Deus holocaustos e sacrifícios pacíficos. O rito termina com a bênção: “Davi abençoou o povo em nome do Senhor”.
Hoje, usando a linguagem metafórica dizemos que Maria é a arca da aliança. O Papa Bento XVI, numa das suas homilias afirma: “Maria é a arca da aliança porque acolheu em si mesma Jesus, a Palavra Viva. Acolheu em si aquele que constitui a nova e eterna Aliança, culminada com a oferenda do seu corpo e do seu sangue: corpo e sangue recebidos de Maria”.
No santo Evangelho (Lc 11,27-28) uma mulher interrompe a fala de Jesus e grita do meio da multidão: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”. Que santas e abençoadas palavras. Tinha que vir de uma mulher, com especial sensibilidade materna. Chama-me a atenção o fato de Jesus não ter criado caso pela interferência da mulher. Ele, simplesmente, abre o leque de possibilidades para aqueles que buscam o caminho da verdadeira felicidade: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. Isto é magnifico! É preciso saber ouvir a Palavra, compreender o seu significado, pôr em prática o que a Palavra ensina.
Nesta perspectiva, Maria é uma mulher duplamente feliz: Feliz porque carregou Jesus eu seu seio e o amamentou! Feliz porque ouviu e pôs em prática a Palavra de Deus. Oh, Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, intercede por teus teus filhos e filhas, para que possam como tu cantar alegremente, com o coração vibrante, sempre que ouvirmos a palavra do Senhor! E que não nos falte a sensibilidade para a pormos em prática, tornando-nos assim, testemunhas vivas do Evangelho do teu Filho Jesus Cristo. E assim podermos cantar:
De alegria vibrei no senhor/ Pois vestiu-me com sua justiça
Adornou-me com joias bonitas/ Como esposa do rei me elevou
Transborda o meu coração/ Em belos versos ao rei
Um poema, uma canção/ Com a língua escreverei
De todos és a mais bela/ A graça desabrochou
Em teu semblante, em teus lábios/ Pra sempre Deus te abençoou.
Maria, Mãe da Vitória, ensina-nos a rezar! Ensina-nos a forma mais sábia para ouvirmos a Palavra de Deus, discernirmos os seus ensinamentos e praticá-los no cotidiano da vida. Certamente, conseguindo esta graça, poderemos dizer como São Paulo: “Quando este ser corruptível estiver vestido de incorruptibilidade e este ser mortal estiver vestido de imortalidade, então cumprir-se-á a Palavra: “A morte foi tragada pela vitória. Ó morte, onde está tua vitória? Onde está o teu aguilhão?” O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a Lei. Graças sejam dadas a Deus que nos dá a vitória pelo Senhor nosso, Jesus Cristo” (1Cor 15,54-57).
“Em vossa casa, ó Pai, vos louvamos, com festas e luzes nos vos celebramos!”
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras