Hoje o calendário traz esta data: 13 de maio. Uma data que seria como que um marco, “divisor de águas” na história do Brasil. Data na qual foi assinada a Lei Áurea.
Talvez aqui uma primeira reflexão para esta data: A Lei foi assinada. E onde foi parar a liberdade, com os devidos direitos, dos escravos? Onde se encontraram, um dia depois, aqueles que até então trabalharam por anos a fio num regime de escravidão, tratados tantas vezes, literalmente falando, como animais?
Os anos passam e hoje, fazendo as contas, lançando um olhar sobre o passado, sobre a história, contabilizamos 129 anos decorridos, desde a assinatura da Lei Áurea.
A lei foi assinada, mas os direitos não vieram. Os direitos foram negados: Direito à escola, moradia, trabalho, o direito de ir e vir sem ter que passar o vexame de ser aqueles que levantam suspeitas, tantas vezes, inúmeras vezes, diante das autoridades policiais nas blitzes, nas abordagens realizadas, o direito a ter direito.
Não por acaso, não sem razão, o estado, mais do que numa atitude de compaixão e diante a luta encampada pela comunidade dos afrodescendentes e das chamadas “minorias sociais”, dos excluídos, tem reagido, conferindo o direito que foi historicamente e sistematicamente negado, quando institui a lei do crime de racismo, cria as Cotas Raciais.
Afinal de contas, liberdade sem direitos é algo que não existe. Liberdade sem direitos é continuar sem a liberdade, seria continuar na escravidão.
A pauta da ordem do dia, presente na “agenda” dos afrodescendentes e de todas as minorias sociais é esta: O exercício da liberdade com os mesmos direitos, o exercício da liberdade com as mesmas possibilidades para todos – sem racismo, sem todas as patologias que ainda hoje estão presentes na nossa sociedade, no nosso cotidiano.
Depois da leitura deste texto, vamos refletir?
- Você concorda com o autor, em que pontos?
- O que pode ser feito ou continuar a ser feito por cada um de nós para mudarmos esta realidade?
Pelo fim do preconceito!
Pelo exercício da liberdade com direitos!
*Pe. Francisco Barbosa, Presbítero da Diocese de Oeiras, Administrador da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Socorro do Piauí-PI, Militante do Movimento Negro, Maio/2017, e-mail: [email protected], whatsapp: 089-99413-1800.