Ano Jubilar

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ORAÇÃO DOS 75 ANOS DA DIOCESE DE OEIRAS

Deus Pai de infinita bondade, nós, vossos filhos e filhas vos dirigimos e imploramos o vosso olhar sobre todos os que aqui, nestas terras áridas do Piauí, nascemos, crescemos, vivemos ou chegamos vindos de outros recantos deste imenso Brasil e até mesmo de outras nações.

Por vosso amado Filho Jesus Cristo, há 75 anos, para o bem do vosso rebanho, aqui fizestes ecoar as palavras: “Ide, e fazei discípulos meus todos os povos”. Neste tempo favorável, fazemos memória e rezamos por todos os homens e mulheres, padres e bispos, religiosos e religiosas, leigos e leigas que ao longo destes anos, incansavelmente, entregaram-se e dedicaram-se ao anúncio do Evangelho, ao testemunho de vossa Palavra e aos ensinamentos de vossa Igreja.

Pelo impulso do vosso Divino Espírito queremos ser uma Igreja em saída vivendo em estado permanente de missão, vigilante no cuidado com a casa comum, comprometida com a iniciação à vida cristã e animação bíblica, ardente de zelo pela liturgia e pela espiritualidade, e sem jamais negligenciar o testemunho da caridade e do empenho por políticas públicas que garantam o serviço à vida plena para todos.

Ó Senhora da Vitória, Mãe amável de Deus e advogada nossa, padroeira de Oeiras e do Piauí! Vós que continuamente nos apresentais o vosso filho Jesus Cristo, sobretudo para os mais vulneráveis que amargam a triste fatalidade das injustiças sociais causadas pela violência humana, vos pedimos: não permitais que nenhum desses vossos filhos fique fora do abrigo e do aconchego de vosso manto sagrado. Por fim, vos pedimos, Mãe querida, instruí-nos a ser neste mundo, um sinal de Igreja peregrina que vislumbra aqui na terra o caminho da pátria definitiva! Amém!

Música: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Letra: Gutemberg Cavalcante Rocha

Jubileu, festa do povo

É compromisso, é alegria

Há setenta e cinco anos

Realizou-se a utopia

Diocese de Oeiras

Nossa Senhora abençoou

E Jesus de passo em passo

Por todos os rincões saiu plantando amor

O Paráclito Divino

Os corações ao alto em chamas abrasou

 

Feito chuva que verdeja o sertão

Deus plantou-se neste chão

Eis que a Virgem da Vitória

A Mãe da nossa história nos chama pra missão

Firmes na fé e na verdade

Em tudo a caridade, Cristo é libertação

 

Uma Igreja em saída

É a novidade, é a raiz

Ide e fazei discípulos meus

Todos os povos, Cristo nos diz

Batizados e enviados

Reis e profetas Cristo nos faz

Pra que todos tenham vida

Em todas as paróquias e áreas pastorais

A Mãe leva ao Salvador

É tudo para o bem do rebanho do Senhor

 

Feito chuva que verdeja o sertão

Deus plantou-se neste chão

Eis que a Virgem da Vitória

A Mãe da nossa história nos chama pra missão

Firmes na fé e na verdade

Em tudo a caridade, Cristo é libertação

A LETRA EM DETALHES

“A cidade se encheu de alegria.” (At 8,8)

 JUBILEU, FESTA DO POVO / É COMPROMISSO, É ALEGRIA – Comemorando o jubileu de 75 anos de sua instalação, a Diocese de Oeiras eleva a Deus um canto novo, um louvor, por este Ano Jubilar. É festa, é grande a alegria do povo de Deus, mas a comemoração implica também em compromisso e responsabilidade.

 HÁ SETENTA E CINCO ANOS / REALIZOU-SE A UTOPIA – Após a transferência da capital do Piauí para Teresina, Oeiras entrou em decadência. Era pouco provável, em meados do século passado, que a cidade, embora apresentando sinais de revitalização, pudesse tornar-se sede de Bispado. Porém, a partir da semente lançada por Dom Severino, Bispo da então Diocese do Piauí, e germinada no coração do Cônego Cardoso, de algumas autoridades da época e de vários oeirenses obstinados, realizou-se o sonho que parecia utopia.

 DIOCESE DE OEIRAS /NOSSA SENHORA ABENÇOOU – A Diocese foi criada pela bula “Ad Dominicis Gregis Bonum” (“Para o Bem do Rebanho do Senhor”), de 16 de dezembro de 1944, sob o pontificado de Pio XII, e instalada em 7 de outubro de 1945. Nasceu sob os auspícios de Nossa Senhora, com o título “da Vitória”. Seu 1º Bispo, Dom Expedito Lopes (1949-1954), cujo lema era “Restaurar todas as coisas em Cristo”, em oração à Virgem, suplicava: “Abençoai, ó Senhora da Vitória, nossa terra e todos os que nela vivem!” E assim se deu. Ouvindo a prece do Pastor, desde então rezada com ardor pelos fiéis, Nossa Senhora abençoou a Diocese, cobrindo-a com seu manto protetor.

 E JESUS DE PASSO EM PASSO / POR TODOS OS RINCÕES SAÍU PLANTANDO AMOR – A devoção ao Bom Jesus dos Passos é uma das realidades mais fortes da história do povo oeirense. A procissão da sexta-feira de Passos reúne fiéis de toda a Diocese e até de outras paragens. A imagem do Bom Jesus percorre as ruas, passando pelos vários “passos” espalhados pela cidade, plantando amor nos corações, desde a Catedral de Nossa Senhora da Vitória, chegando a todos os rincões da Diocese, por todos os cantos e recantos das 17 paróquias e das 3 áreas pastorais.

 O PARÁCLITO DIVINO /OS CORAÇÕES AO ALTO EM CHAMAS ABRASOU – A Festa de Pentecostes é outro momento forte da religiosidade oeirense. No Hino do Divino o povo de Deus canta com fervor: “Abrasai em divinas chamas / os nossos corações e almas…” Corações que se elevam aos céus, o que nos remete ao lema do 4º Bispo da Diocese, Dom Fernando Panico (1993-2001): “Corações ao alto”.

 FEITO CHUVA QUE VERDEJA O SERTÃO / DEUS PLANTOU-SE NESTE CHÃO – Dom Frei Edilberto Dinkelborg (1959-1991), 3º Bispo da Diocese, cujo lema era “Amou-os até o fim”, deixou uma frase lapidar, hoje inscrita no seu túmulo: “O mandacaru vive na dureza do sertão seco, desprezado, esquecido,

mas quando, na rapidez de uma noite, abre a sua flor, vemos a grandeza de Deus”. Assim é a natureza, a nossa Casa Comum: mesmo na aridez inclemente do sertão, quando a mata é toda ela um cenário de desolação, de um cinzento chocante, de árvores secas, aparentemente mortas, basta um chuvisco para que as folhas comecem a aparecer e o verde comece a ressurgir, como que numa ressurreição da mata. Assim também Deus se faz presente no sertão, irrigando com seu amor os corações e gerando vida nova.

 EIS QUE A VIRGEM DA VITÓRIA / A MÃE DA NOSSA HISTÓRIA – Nossa Senhora da Vitória é sem dúvida a mãe da história de Oeiras. Já nos primeiros dias, os homens que aqui chegavam para se fixar, se entregaram à sua proteção. O Bispo de Pernambuco, Dom Francisco de Lima, criou a Freguesia de Nossa Senhora da Vitória do Brejo da Mocha do Sertão do Piauí. Foi erigido um templo dedicado a ela (no primeiro momento, uma singela ermida), ao redor do qual “a cidade surgiu e cresceu”, como enfatiza José Expedito Rego no “Hino à Matriz”, composto em 1983, em comemoração aos 250 anos do templo definitivo, com música de Possidônio Queiroz, ele que, em 1940, fora nomeado, por Dom Severino, 1º Secretário da Comissão Central formada para viabilizar a criação da Diocese.

 NOS CHAMA PRA MISSÃO – A Virgem da Vitória nos chama à missão, dizendo-nos: “Fazei tudo o que Jesus vos disser” (Jo 2,5), e nos convida a acompanhá-la, a assumirmos uma postura sinodal e caminharmos juntos com ela no cumprimento da missão.

 FIRMES NA FÉ E NA VERDADE / EM TUDO A CARIDADE – Para cumprirmos a missão é necessário permanecermos “firmes na fé” – lema do 5º Bispo, Dom Augusto Alves da Rocha (2002-2008) –, fiéis à Verdade,que é o próprio Jesus, e praticando ”em tudo a caridade” – lema de Dom Edilson Soares Nobre (2017-), 7º e atual Bispo.

 CRISTO É LIBERTAÇÃO – O Batismo nos faz sacerdotes e  nos envia a pregar o Evangelho, para libertar o ser humano de toda escravidão. E Jesus nos garante: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). A evangelização é, portanto, o caminho para a libertação, e aí cabe lembrar a Missão institucional da Diocese de Oeiras: “EVANGELIZAR, a partir de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária, profética e misericordiosa, alimentada pela Palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo”.  

 UMA IGREJA EM SAÍDA / É A NOVIDADE, É A RAIZ – O Papa Francisco propõe uma Igreja em saída como atitude condizente com as necessidades do mundo contemporâneo, que exige respostas cada vez mais rápidas, atualizadas e coerentes frente aos desafios desta mudança de época. É a nova face da Igreja de Cristo, o Cristo que parece repetir, hoje, ao Bispo de Roma o mesmo apelo feito ao “pobre de Assis”: “Francisco, reconstrói a minha Igreja”. De certa forma, é um retorno às raízes, aos primórdios da Igreja. É a proposta, também, da nossa Diocese, no tema do Jubileu.

IDE E FAZEI DISCÍPULOS MEUS / TODOS OS POVOS, CRISTO NOS DIZ – Por mandato de Jesus, os Apóstolos saíam de cidade em cidade, de povoado em povoado, pregando o Evangelho, criando comunidades, plantando o amor, ajudando preferencialmente os pobres e excluídos. A mesma missão nos é delegada hoje, e a Igreja particular de Oeiras vem fazer ecoar nos nossos ouvidos as palavras de Cristo, evocadas como lema do Jubileu: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos” (Mt 28,19).

 BATIZADOS E ENVIADOS / REIS E PROFETAS CRISTO NOS FAZ –Ao declarar outubro de 2019 como mês missionário extraordinário, com o tema “Batizados e enviados”, o Papa Francisco quis despertar nos cristãos a consciência da missão como algo inerente a todas as pessoas que receberam o Batismo. Com o Batismo, além de Sacerdotes, nos tornamos Reis, que, a exemplo do Rei do Universo, aqui estamos para servir e não para ser servidos; nos tornamos Profetas, que, a exemplo, de João Batista, aqui estamos para anunciar a vinda do Senhor e denunciar as injustiças que ferem a dignidade humana, pregando a conversão.

 PRA QUE TODOS TENHAM VIDA / EM TODAS AS PARÓQUIAS E ÁREAS PASTORAIS – Batizados e enviados para defender e promover a vida, desde a sua concepção até a morte natural. Vida em abundância, em todo o mundo, sim, mas, de modo particular, na nossa Diocese. É nosso dever lutar por um mundo melhor, onde todos tenham vez e voz; é nossa missão construir um novo amanhecer, no qual o sol resplandeça como o rosto de Jesus no mistério da Transfiguração. “Para que todos tenham vida” (Jo 10,10), eis o lema do 6º Bispo de Oeiras, Dom Juarez Sousa da Silva (2008-2016).

 A MÃE LEVA AO SALVADOR – Como Padroeira da Diocese de Oeiras, escolhida por sua fortaleza e pelo carinho maternal, Nossa Senhora da Vitória nos toma pela mão e nos conduz ao seu divino Filho, o Salvador da humanidade. Faz lembrar o lema do nosso 2º Bispo, Dom Raimundo de Castro e Silva (1955-1957), que diz: “A Jesus por Maria”.

É TUDO PARA O BEM DO REBANHO DO SENHOR – A campanha para a criação da Diocese, assim como sua consagração à Virgem da Vitória, contou com a aprovação maciça da população. Tudo “para o bem do rebanho do Senhor”, como destaca o tema deste Jubileu, inspirado na supracitada Bula Papal. Por isso, a Igreja se alegra, e canta, e festeja, e rejubila, porque esta efeméride simboliza a vitória do Cristo ressuscitado na caminhada da Diocese, plantada nestes Sertões de Dentro, no semiárido piauiense, onde o rebanho vive, sobrevive e faz memória da “vida e resistência de um povo que espera”, lembrando aqui o tema do jubileu de 300 anos da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, em 1996. Um povo que espera, isto é, que tem esperança, mas que luta e faz acontecer.