COMO PEDRAS VIVAS CONSTRUÍMOS A CASA E O ALTAR DE DEUS

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D. EDILSON

 

Foi-nos reservado, dentro dos festejos de nossa querida padroeira, Nossa Senhora da Vitória, um momento especial para fazermos memória da dedicação desta amada Catedral, Igreja Mãe de nossa Diocese de Oeiras. Esta data, regularmente, vínhamos celebrando dia dez de agosto. Este ano de 2019, excepcionalmente, por razões pastorais, transferimos para o dia de hoje, 14 de agosto de 2019, véspera da Festa de Nossa Senhora da Vitória.

Este templo de pedra, que ora contemplamos, é oficialmente a primeira igreja do Estado do Piauí. Começou a ser construída em 1697 e foi concluída em 1733, conforme relatam os historiadores. Trata-se, portanto, de um monumento secular com muitas histórias pra contar. Segundo apreciadores de arquitetura e obras de arte, a nossa Catedral é um dos mais bonitos templos católicos do Piauí, visitado como atração turística e fonte de estudo para estudantes e pesquisadores, e palco de grandes celebrações, realizadas no percurso do ano.

Para nós católicos, este templo transcende toda a beleza física que salta aos nossos olhos e nos remete a um sentimento ainda mais profundo e mais sublime.  Esta Igreja Catedral é para nós sinal de unidade entre todos os membros que dão vida e dinamizam a ação pastoral de nossa Igreja, ou seja, o Bispo, os padres, as religiosas e os leigos agentes de pastorais. Aqui está a cátedra do Bispo, sinal de sua missão de pastor e de mestre da fé para a Igreja particular.

No dia em que este templo foi dedicado e este altar foi consagrado o Bispo dirigiu estas palavras: “Esta casa anuncia o mistério da Igreja, santificada pelo Sangue de Cristo, que Ele quis apresentar a Si mesmo como Esposa gloriosaVirgem admirável na integridade da fé, Mãe fecunda pelo poder do vosso Espírito. Igreja santavinha eleita do Senhor, que ao mundo inteiro estende os seus ramos, e, suspensos da árvore da cruz, os ergue até ao reino celeste. Igreja feliz, morada de Deus com os homens, templo santo, construído de pedras vivas, edificada sobre o alicerce dos Apóstolos, tendo Cristo Jesus como pedra angular. Igreja excelsa, cidade erguida no alto do monte, visível para todos, a todos manifesta, onde a lâmpada do Cordeiro brilha sem cessar e ressoa, agradecido, o cântico dos bem-aventurados”.

Estas palavras nos fazem sentir em êxtase e, ao mesmo tempo, assustados, impactados, pois, nos damos conta da grande responsabilidade para a qual somos chamados.

Na ocasião de sua Dedicação uma oração vibrante foi elevada aos céus: “Vos pedimos, Senhor: derramai sobre esta igreja e este altar a vossa bênção celeste; seja esta casa lugar para sempre santificado, e este altar, mesa continuamente preparada para o sacrifício de Cristo. Aqui sejam destruídos os pecados dos homens e mulheres pela torrente da graça divina, para que os vossos filhos, ó Pai, mortos para o pecado, sejam regenerados para a vida do alto. Aqui, os vossos fiéis, reunidos em volta da mesa do altar, celebrem o memorial da Páscoa e sejam alimentados no banquete da palavra e do Corpo de Cristo. Aqui ressoe jubilosa a oblação do louvor, voz dos homens unida aos cânticos dos Anjos, e incessantemente suba para Vós a oração pela salvação do mundo. Aqui encontrem os pobres a misericórdia, alcancem os oprimidos a verdadeira liberdade, e todos os homens se revistam da dignidade de filhos vossos, até chegarem, exultantes de alegria, à Jerusalém do alto, a cidade do Céu”.

Fica explícito, portanto, que este templo, este espaço, este ambiente, possibilita um processo de renovação, de conversão, de vida nova em cada fiel e que, consequentemente, somos interpelados a ser templos vivos do senhor. A segunda leitura que ouvimos, da carta de São Paulo aos Coríntios, nos aponta para esta reflexão: “Vós sois construção de Deus. Segundo a graça que Deus me deu, eu coloquei – como experiente mestre de obra – o alicerce, sobre o qual outros se põem a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo” (ICor 3,9-10). Santo Agostinho, em um de seus sermões (Sermão 336), chega a dizer: “Esta é a casa de nossas orações; mas a casa de Deus somos nós. Se nós é que somos a casa de Deus, continuemos construindo neste mundo para sermos consagrados no fim dos tempos”.

No Evangelho de hoje, que é próprio para a solenidade de Aniversário da Dedicação, vemos um diálogo que se estabelece entre Jesus e Pedro. Enquanto Pedro reconhece ser Jesus o Messias, Jesus confirma o Apóstolo na missão de ser a pedra sobra a qual será edificada a sua Igreja: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 17-19).

Na verdade, todos nós, que cremos no Cristo, somos chamados pedras vivas. Assim afirma São Pedro: “Também vós, como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (IPd 2,5). Já no século III, Orígenes, presbítero, faz uma ilustração que considero pertinente e oportuna: “Ora, quando se trata de pedras de construção, sabemos que primeiro são colocadas nos alicerces as mais sólidas e resistentes, para que possamos com segurança colocar-lhes em cima todo o peso do edifício; do mesmo modo, também entre as pedras vivas algumas são colocadas nos alicerces do edifício espiritual. Quais são essas pedras vivas colocadas nos alicerces? São os Apóstolos e os Profetas, como ensina São Paulo: ‘Vós fostes integrados no edifício que tem como fundamento os apóstolos e os profetas, e o próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, como pedra principal’ (Ef 2,20)”.

Concluindo, amados irmãos e irmãs! Uma vez que somos escolhidos e enviados em missão, chamados a ser pedras vivas na construção da Igreja de nosso Senhor e do seu Reino, peçamos à nossa Mãe querida, Nossa Senhora da Vitória, que nos ajude a saber ouvir e discernir a voz de Deus, até mesmo nos contratempos da vida, na sutileza da história e no silêncio;  e que ela nos ensine a sermos operários destemidos para trabalhar na vinha do Senhor, entregando-nos, como ela, de corpo e alma à ação do Espírito Santo, com esta expressão: “Eis a escrava do senhor, faça-se em mim, segundo a tua palavra”.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Bispo Diocesano de Oeiras

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