A morte é certa e dela ninguém escapa! Esta realidade da existência humana é dura e chocante, mas, é a verdade mais profunda e libertadora para a nossa vida, quando levada a sério. Mas, o que acontece é que não levamos a sério as questões relativas a morte. Pelo contrário, procuramos minimizar seu peso e esvaziamos seu sentido.
Mal compreendida, a morte é pensada como fim de tudo, aniquilamento, destruição, maldição, castigo, beco sem saída. A morte é um verdadeiro absurdo, decretamos! Por isso, para ‘superar’ o absurdo da morte, numa vida tão breve quanto a nossa, buscamos compensações; inúmeras compensações, enterrando a nossa vida em diversos túmulos.
A compensação não é um pensamento ou prática isolada é uma doutrina, uma ideologia; é uma cultura: a cultura do disfarce; a cultura da dissimulação; a cultura do simulacro. Um verdadeiro faz-de-contas.
Todos nós buscamos compensações: ou para justificar as lutas ou para dissimular o sofrimento. Para compensar o árduo trabalho do dia, as noites mal dormidas, o peso das responsabilidades, o cansaço, as noites mal dormidas, a correrias do dia-a-dia, as cobranças do chefe, os longos anos de casamento, as tribulações com doenças… o indivíduo vai beber, vai jogar, fica até tarde na rua, torna-se consumista, busca e conserva amante, desvia dinheiro, desenvolve vícios, fica-à-toa, envereda pela mentira…
Cada compensação é um túmulo e, túmulo foi feito para os mortos!
Veja que grande contradição! Para fugir da morte, por medo, não nos damos conta que passamos a viver sob túmulos; verdadeiros mortos vivos!
Embora todos nós vamos provar a morte e ser sepultados, nossa vida não foi feita para o túmulo. O túmulo não é o nosso lugar para sempre!
O que estamos fazendo com a nossa vida?
Em que túmulo você enterrou a sua vida?
A Sagrada Escritura aborda este tema de maneira bastante lúcida e clara e nos dá uma direção muito iluminadora:
“Não procurem a morte, desviando a própria vida de vocês, nem provoquem a ruína com as obras que vocês praticam, pois Deus não fez a morte, nem se alegra com a perdição dos seres vivos. Ele criou tudo para a existência, e as criaturas do mundo são sadias: nelas não há veneno de morte, nem o mundo dos mortos reina sobre a terra, porque a justiça é imortal.
Com gestos e palavras, os injustos invocam a morte para si mesmos. Eles pensam que a morte é amiga e a desejam ardentemente, chegando a fazer aliança com ela. São realmente dignos de pertencer à morte. Raciocinando de forma errada, eles comentam entre si: ‘Nossa vida é curta e triste: quando chega o fim, não há remédio, e não se conhece ninguém que tenha voltado do mundo dos mortos.’
Sim, Deus criou o homem para ser incorruptível e o fez à imagem da sua própria natureza. Mas, pela inveja do diabo, entrou no mundo a morte, que é experimentada por aqueles que pertencem a ele.
A vida dos justos, ao contrário, está nas mãos de Deus, e nenhum tormento os atingirá. Os insensatos pensavam que a partida dos justos do nosso meio era um aniquilamento, mas agora estão na paz. As pessoas pensavam que os justos estavam cumprindo uma pena, mas esperavam a imortalidade. Por uma breve pena receberão grandes benefícios, porque Deus os provou e os encontrou dignos dele” (Sabedoria 1,12-2,9.23-24.3,1-5).
Estamos caminhando para a páscoa, faz tempo que Deus quer tirar nossas vidas do túmulo! Não dá para perder, de novo, mais esta oportunidade!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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