A Igreja Católica inicia neste final de semana o tempo chamado ADVENTO. Palavra latina, Adventus, que significa ‘chegada’; do verbo Advenire, que significa ‘chegar a’. O advento é o início do Novo Ano Litúrgico da Igreja (No calendário civil o ano novo é dia 1º de janeiro). O advento sempre antecede o Natal e se constitui num tempo bom; tempo de esperança; tempo de alegria; tempo de expectativa; tempo de anunciar Boa-notícia; tempo de experimentar, no arrependimento e na conversão, a realização da promessa de Salvação.
Toda a liturgia do advento nos faz reviver valores essenciais da fé, como a alegria da espera, a vigilante, a esperança, a pobreza e a conversão.
Revivendo a longa espera do povo de Israel pelo Messias, a Igreja se prepara para o encontro com Cristo, recordando o seu nascimento histórico: o Natal. Não é uma espera ilusória, fantasiosa; Cristo vem, veio e virá.
São figuras fortes do advento O profeta Isaías, João Batista e São José com Cristo nos braços. As celebrações são bastante sóbreas: não se canta o glória, diminui-se os enfeites e os instrumentos musicais, cessam as palmas… que ficam reservada para a explosão de alegria do dia de Natal. A cor usada é o roxo, menos no terceiro domingo (chamado de “Gaudete” – alegrai-vos), que é rosa ou lilás. Neste domingo, também pode-se cantar o glória e enfeitar a Igreja. Os símbolos do advento também são muito ricos: coroa com quatro velas coloridas que são acesas a cada domingo; ramos verdes.
A experiência do Advento, como experiência cristã, deve contagiar todas as esferas de nossas vidas, para se cumprir o que disse o mestre: “eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Advento Social. Não é novidade as condições de desigualdade na vida social, em nosso pais. Não é novidade, também, que as causas e sintomas dessa desigualdade vão desde o empecilho de acesso a terra e a moradia até a supressão das garantias de saúde e previdência social, diga-se de passagem, a tão falada aposentadoria. Os que mais são atingidos pelas farpas das desigualdades, como sempre, são os pobres. É preciso um advento social. Quebrar os muros, vencer os preconceitos, superar as castas, derrubar as desigualdades. O povo ainda é gente!
Advento na Economia. A economia é uma rede de intrigas. Ninguém consegue penetrar as suas malhas finas. Ninguém consegue entender as suas terminologias, conceitos e jargões. A economia brasileira parece sobreviver de números, seja para manter a ilusão da inexistência de inflação, seja para encobrir a depreciação do valor do nosso metal vil. É preciso um advento na economia! Pra derrubar os verdadeiros dragões que engolem o povo, seu mísero salário e sua esperança.
Advento na Política. A Política está repleta de profissionais…. e liberais. E a grande vergonha nacional é que, o bem comum serve de justificativa para a enganação e a corrupção, para a opressão e o terror. É preciso um advento na política. Restabelecer a moral e a ética, libertar o bem comum, restabelecer a transparência de suas práticas, recuperar a seriedade e garantir justiça e paz.
Advento na Fé. A religião virou mercado e Deus mercadoria. Nunca se viu tanta religião, tantos templos e tanta Bíblia espalhados entre nós. Isso não significa o aumento da fé em Deus. Aumentou o comércio, aumentou o fanatismo, aumentou a intolerância, aumentaram as brigas, aumentaram os desentendimentos, aumentou a ignorância sob o rótulo de sabedoria. É preciso um advento na fé. Desbancar os enganadores, restaurar a credibilidade da Palavra de Deus, libertar o homem das doutrinas e libertá-lo para Deus.
O advento de Jesus Cristo, como Filho do Deus vivo e como o sol nascente, coincide com a necessidade dos nossos vários adventos. Portanto, celebrar o advento cristão, hoje é reconhecer e celebrar o advento em nossa vida, até chegar nas dores individuais: no desemprego, na falta de terra, na falta de moradia, nas cadeias e presídios, na família, no comércio, no trânsito.
O Advento de Jesus é o nosso advento.
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google