Trigésimo Primeiro Domingo do Tempo Comum
Um rico que se faz pobre
A história de Zaqueu apresenta um aspecto que, ainda hoje, muitos têm dificuldades de compreender. Exatamente porque não conseguimos nos converter plenamente ao anúncio de Cristo. Quem era Zaqueu? Um homem semelhante a muitos homens de hoje, que havia enriquecido através de métodos certamente pouco honestos. Sobretudo era um homem que vivia para acumular bens. No entanto, ele descobre que não é ainda feliz. Tem o dinheiro, mas não lhe serve para preencher a alma. Ele descobre, portanto, que o sentido da vida não se encontra nos bens. Falta-lhe ainda o essencial: ser feliz. Mas ele não se acomoda. Zaqueu busca! Aqui está o seu mérito. O mérito de colocar em discussão a si mesmo, de reconhecer que se enganou, de inclinar a cabeça e bater no peito. Zaqueu pertence à categoria dos publicanos que saem justificados do templo por reconhecer os seus limites e pelo bom propósito de converter-se.
O que faz Zaqueu? Sobe em uma árvore e procura ver Cristo que passa. Momento maravilhoso! Chega a hora de Deus para Zaqueu, a hora extraordinária em que Deus passa ao seu lado. E Zaqueu está pronto. Pronto porque reconheceu a sua pobreza. E sobe em uma árvore como uma criança. Arrisca de ser ridicularizado! Mas isto não mais lhe importa. Zaqueu sabe que aquela é a hora de Deus: ou o encontra agora ou não o verá mais. E, portanto, se faz pobre, pequeno e não se envergonha de estender a mão. Enquanto sobe na figueira, ele desce na humildade. E aqui está a chave do mistério: somente na humildade é possível ver Deus, reconhecê-lo e abrir-lhe o coração.
Escutemos o diálogo maravilhoso: “Zaqueu, desce depressa! Hoje eu devo ficar em tua casa” (Lc 19,5). Em minha casa, Senhor? Zaqueu, desce! Senhor, mas esta gente… Não dê importância, Zaqueu! Eu sou aquele que deixa as noventa e nove ovelhas no rebanho e procuro aquela que está perdida. Senhor, eu sou um pecador. Eu sei, por este motivo venho à tua casa! E Cristo entra na casa de Zaqueu. O que acontece com aquele cobrador de impostos? Ele compreende o dom de Cristo, se comove, porque tudo lhe parece incrível. Zaqueu compreende o amor gratuito de Deus e se dá conta que o amor de Deus espera uma resposta: uma resposta de amor!
E então? Eis a decisão: “Senhor, eu dou a metade dos meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (Lc 19,8). Resposta de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque também este homem é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,9).
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras