- Sexto Domingo da Páscoa
Se Deus é Amor, é amando que o conhecemos
As leituras de hoje são uma síntese de tudo o que vinhamos refletindo nestes dias do tempo pascal. O tema podemos reduzir às palavras de São João: “Deus é Amor” (I Jo 4,8.16) e às consequências indicadas por São Paulo: “Portanto se me falta a caridade, diante de Deus eu nada sou” (I Cor 13,2).
A primeira leitura é uma lição de caridade. Pedro vai a Cesareia e entra na casa de um centurião romano, de nome Cornélio. Ele leva consigo um grande prejuízo (pré- juízo), pensando que Deus tendo escolhido o povo hebraico, tenha feito deste povo um privilegiado; e em consequência ele crê que a misericórdia de Deus tenha espaços limitados e vias obrigatórias; vias que quase não podem sair do horizonte hebraico. É uma forma de racismo na fé.
O Senhor intervém nos pensamentos de Pedro. De fato, Pedro se dá conta que um centurião pagão é homem de fé como ele; é um homem que busca Deus como ele; é um homem amado por Deus como ele.
Com esta descoberta Pedro louva ao Senhor e diz: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas (Deus é imparcial). Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35).
Nós cristãos muitas vezes nos colocamos nas mesmas condições de Pedro: não compreendemos que o amor de Deus não pode ser usado como um privilégio; o amor de Deus é um fogo que impulsiona a servir, a buscar, a doar. Quantas vezes, em nome da religião desprezamos pessoas que deveriam ser amadas mais. Quantas vezes atribuímos a Deus severidade, condenações e juízos que ao contrário dependem exclusivamente de nós que ainda somos maus e egoístas.
São João, na segunda leitura, abre o mistério de Deus assim como Jesus o fez conhecer. Ele escreve: “Todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece Deus” (I Jo 4,7). São palavras com consequências incalculáveis para avaliar a vida cristã de cada homem. E acrescenta: “Quem não ama não conheceu Deus, porque Deus é amor” (I Jo 4,8). Portanto, se não somos capazes de generosidade sem esperar recompensa, significa que não temos a caridade de Deus; se não nos preocupamos em dedicar ao próximo o nosso tempo, a nossa atenção, o nosso afeto, o nosso serviço é porque não temos caridade. O cristianismo, de fato, inicia com a caridade.
O Evangelho nos leva à fonte desta notícia. Jesus, na última ceia, dá uma ordem: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei” (Jo 13,34). Em cada Missa Cristo nos repete este mandamento. Comungar o Pão Eucarístico significa fazer unidade com Ele, doando a nossa vida.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras