XXI Domingo do Tempo Comum
Para ser cristão não basta a etiqueta
A primeira leitura de hoje nos reporta a um período particularíssimo da história de Israel: O povo, depois da viagem pelo deserto, chega ao Jordão tanto esperado; entra na terra prometida e renova na liberdade o empenho de seguir o Senhor.
Josué diz para todos, quase que brutalmente: “Se não vos parece bem servir o Senhor, escolhei hoje a quem quereis servir: se aos deuses aos quais serviram os vossos pais do outro lado do rio, ou aos deuses dos amorreus em cuja terra agora habitais. Quanto a mim e à minha casa, serviremos ao Senhor” (Js 24,15). Servir ao Senhor é optar pela vida, pelo respeito e pela dignidade. Josué põe o povo diante de uma escolha fundamental. Por que Josué fala assim? Para recordar que a fé deve ser constantemente renovada. Na vida, de fato, surgem sempre fatos novos e situações novas que exigem contínuas respostas de fé.
Imaginemos a cena de Cristo sobre a cruz: ao lado dele estão dois homens em uma situação certamente única: crucificados com ele, com o Senhor! Qual a reação dos dois homens? Um se converte e o outro continua a zombar e a blasfemar. A cruz foi a situação nova que revelou o que há muito tempo se escondia no coração de dois condenados. Pensemos quantas situações imprevistas surgem também em nossas vidas. São oportunidades de encontros com Deus, de encontros com a verdade.
Vamos ao Evangelho. Ele também é claríssimo que seguir Jesus é uma opção. Diante do anúncio de Jesus, de fato, é necessária uma resposta. E a resposta justa é a fé pela conversão da própria vida. Nem todos os discípulos foram perseverantes no segmento de Jesus Cristo. Alguns o abandonaram porque acharam duras e exigentes suas palavras. É Pedro, em nome do grupo, quem vai responder de modo firme e decidido à pergunta de Jesus: “Senhor, a quem iremos? Tens palavra de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o santo de Deus” (Jo 6,67-69).
Todos ouviram as palavras do Mestre, mas nem todos tiveram a coragem de segui-lo. No entanto, Pedro e o seu grupo permaneceram firmes, pois entenderam que assumir todas as exigências vale a pena, porque as palavras de Jesus não são meras promessas, mas são palavras de vida eterna.
Aqui destacamos a firmeza de Jesus. Ele não é oportunista e, por isso, mantém-se firme na sua posição, no seu discurso e no seu modo de agir. Não volta atrás para oferecer um discurso “doce”, simplesmente para satisfazer os ouvidos de alguns. Por que Jesus não volta atrás? Porque ele é autêntico no que diz e no que faz. E nós, discípulos de Cristo, buscamos viver com autenticidade a nossa fé?
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras