Décimo Oitavo Domingo do Tempo Comum
Para quem ficará o que tu acumulaste?
A liturgia de hoje nos leva a uma reflexão para a relatividade de tudo que é material. Na primeira leitura o autor pesa o valor das coisas e do mundo e chega à conclusão que tudo é vaidade. O raciocínio é este: nós não possuímos nada, de fato tudo passa de uma mão a outra. Hoje o que tens é teu, amanhã não será mais. Nós não somos donos de nada. Tudo flui, mas Deus permanece. Deus é a rocha imperecível. Mas qual é a intenção de Deus no confronto com o homem?
O Evangelho é a resposta a esta densa interrogação. Cristo é a resposta. Nele Deus nos faz conhecer as suas intenções. Sigamos, portanto o Evangelho que retoma o discurso da primeira leitura e apresenta de fato qual é a verdadeira riqueza.
Alguém pede a Jesus: “Mestre, diz ao meu irmão que reparta a herança comigo”. É mais uma questão entre tantas por causa da herança. Para aquele homem tratava-se de uma séria questão, pois para quem crer só no dinheiro, o dinheiro é tudo. Jesus tenta responder que a vida não pode ser reduzida a lutas e a preocupações com o dinheiro. Jesus, certamente, com o seu discurso ajudou àquele homem a dar um salto qualitativo no modo de encarar a vida e os problemas. Jesus apresenta rapidamente uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita”. Que maravilha! Talvez isto até nos cause inveja por não termos sido tão fortunados como aquele homem. Mas Jesus prossegue: “Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?” Na verdade a vida de um homem não depende do quanto tem, mas de quanto dá; não de quanto possui, mas de quanto ama.
Só com homens livres da sedução das riquezas é possível resolver o problema da justiça no mundo. Hoje, segundo estatística, morrem a cada minuto 30 crianças desnutridas, enquanto a cada minuto se gasta mais de um milhão com armamentos. Deus precisa de homens com o coração novo, com o coração livre, capaz de levar justiça ao mundo.
O Evangelho de Cristo dá um sentido novo ao presente: o presente é início de uma vida nova e espera de uma realização. Por isso a pobreza evangélica é essencial segundo o Evangelho. Essa é polêmica nos confrontos da idolatria dos bens caducos é profecia e anúncio da verdadeira riqueza. Não absolutizar os bens materiais é certamente o modo mais eficiente do homem viver a sua liberdade e é o caminho mais viável para quem busca a verdadeira felicidade.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras