Primeiro Domingo do Advento
Ainda não acolhemos Cristo
Estamos iniciando o Advento. Nos encontramos com Maria e José a caminho de Belém. Mas Belém é só uma recordação? Não! A vida caminha. A vida vai adiante: um ano não passa inutilmente. Agora estamos todos mais próximos do encontro com Cristo e todos temos novas responsabilidades. Por que então nos colocamos em viagem na direção de Belém? Evidentemente porque todos estamos mais ou menos distantes de Belém, na medida em que somos pouco cristãos. O nosso mal está exatamente aqui: nós ainda não acolhemos Cristo, não somos ainda completamente cristãos.
Se humildemente aceitássemos as lições dos anos que passam e continuamente nos voltássemos para Cristo, para acolhê-lo mais, para amá-lo mais, sentiríamos imediatamente o mistério do Advento dentro de nós e brilharia mais a estrela da esperança.
Mas o que espera Cristo de nós? Antes de tudo uma conversão à esperança. Isaías na primeira leitura olha o futuro e diz: “Acontecerá, nos últimos tempos, que o monte da casa do Senhor estará firmemente estabelecido no ponto mais alto das montanhas e dominará as colinas. A ele acorrerão todas as nações, para lá irão numerosos povos e dirão: Vamos subir ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para que ele nos mostre seus caminhos e nos ensine a cumprir seus preceitos”; “porque de Sião provém a lei e de Jerusalém, a palavra do Senhor…” (Is 2,1-3). Parece um sonho o que Isaías diz. De fato, a realidade quotidiana são as guerras, as armas, as tragédias. O mundo então é sem esperança? A fé em Deus nos permite ler em profundidade o sentido da história humana.
Jesus nos ensina: Vigiai! Ou seja: esteja atento, caminhe na estrada correta. E São Paulo comenta: “A noite já vai adiantada, o dia vem chegando: despojemo-nos das ações das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia…” (Rom 13,12-13). Em cada um de nós há um pouco de sombra. Em cada um de nós existem zonas de comportamentos não ainda adequados aos ensinamentos de Cristo. O Advento é tempo de buscar as raízes do mal existente dentro de nós e deixarmo-nos guiar por Cristo.
O primeiro valor que devemos recuperar é o valor do sacrifício. O sacrifício é liberdade. O sacrifício é condição para viver a vida como dom de si. O sacrifício realiza o advento. Não menos importante é o valor da caridade. Quanto maior a conversão, maior é a capacidade da caridade. Nós vivemos a novidade do mandamento que Cristo nos ensinou? Não existe em nós talvez alguma cumplicidade em situações de violência, de rancor, de ódio, de divisão, de preconceito? O Advento é tempo de reencontrar a via do sacrifício e da caridade. É o tempo que Deus nos dá para darmos o passo na direção do Senhor.
Dom Edilson Soares Nobre
Bispo Diocesano de Oeiras