Dons de Deus

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São Tomás de Aquino (1225-1274) dizia que “onde está o Bispo, aí está a Igreja”. Talvez com essa motivação é que Oeiras lutou até conseguir, em 1945, tornar-se sede de Bispado. Desde então seis bispos governaram a Diocese, a começar por Dom Expedito Lopes, cuja memória é reverenciada com saudade. Sob sua gestão Oeiras recebeu, em 1953, a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, momento de júbilo que incendiou o coração dos fiéis.

Mas nem tudo são flores nessa caminhada. Fato representativo das dificuldades foi a situação vivida em 1957 por Dom Raimundo de Castro e Silva, o segundo bispo diocesano, que teve a permanência em Oeiras inviabilizada após conflito entre católicos e protestantes, conflito este “agravado por sérios distúrbios envolvendo alunos do Ginásio Municipal Oeirense (administrado pela Diocese)”, conforme relata o historiador Dagoberto Carvalho Jr. no livro “História Episcopal do Piauí”.

Outro fato marcante, e que provocou inquietação e protestos dos oeirenses, foi a transformação da Diocese deOeiras na Diocese de Oeiras-Floriano, em 1978, promovida por Dom Edilberto Dinkelborg, terceiro bispo da diocese original. Nada, porém, que obscurecesse o frutuoso trabalho do Frei alemão, ou que abalasse a fé do povo, fortemente demonstrada nos tradicionais eventos religiosos e no dia a dia dos grupos e pastorais, que fazem da Igreja particular de Oeiras uma igreja viva e dinâmica.

O quarto bispo, Dom Fernando Panico, italiano naturalizado brasileiro, logo aderiu à campanha oeirense pela restauração da Diocese. Segundo Dagoberto Carvalho Jr., Dom Fernando “muito trabalhou nesse sentido, apoiando a reivindicação oficial da cidade – por seu Instituto Histórico – feita através do ‘Memorial ao Núncio’, de 26 de janeiro de 1993, redigido pelo professor Possidônio Queiroz”. Durante a sua administração a padroeira da cidade e da diocese de Oeiras, Nossa Senhora da Vitória, foi proclamada, pela Santa Sé, Padroeira do Piauí.

A restauração da Diocese veio a ocorrer em 2008, com o empenho decisivo do quinto bispo, Dom Augusto Alves da Rocha, que, nesse sentido, criou uma segunda paróquia na cidade de Oeiras, a Paróquia da Sagrada Família, desmembrando-a da de Nossa Senhora da Vitória. Credite-se, ainda, a Dom Augusto, a Consagração da Catedral de Oeiras, em 15 de agosto de 2007, numa belíssima cerimônia presidida por Dom Lourenzo Baldisseri, à época Núncio Apostólico do Brasil. Menos de um ano depois, em 17 de maio de 2008, Dom Lourenzo retornava a Oeiras para a posse do sexto – e atual – bispo da diocese então restaurada: Dom Juarez Sousa da Silva, que, entre outras paróquias, criou mais uma em Oeiras: a de Nossa Senhora do Rosário.

Dom Juarez assumiu sob os aplausos calorosos do povo de Deus, que carinhosamente o acolheu. “Um pastor da cor de Oeiras”, no dizer do escritor Ferrer Freitas, e eu acrescentaria: não só pela tez morena, mas principalmente pela identidade entre o Pastor e seu rebanho. Caminhando junto com a comunidade, Dom Juarez, em atitude de missão permanente, vem desenvolvendo um consistente trabalho de formação e evangelização, além de importantes ações sociais, a exemplo da Fazenda da Esperança, instalada na Diocese em 2012, um projeto vitorioso pelos resultados já alcançados na recuperação de dependentes químicos.

E assim, de Dom em Dom, lá se vão setenta anos; de grão em grão, a Palavra vai sendo semeada pelos Sertões de Dentro do Piauí. Capítulos de uma história de fé e de vida, iniciada há mais de três séculos e que continuará a ser escrita não apenas por outros setenta anos, mas por setenta vezes sete. Porque tudo é dom de Deus!

Por: Gutemberg Rocha (membro do Instituto Histórico de Oeiras)

 

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