Estamos tão mal acostumados com uma vida enfeitada por festas e feriados que, se não tem cheiro de festa ou novidade, os dias parecem sem graça, rotineiros, cansativos: um verdadeiro tédio.
A vida é difícil, não há dúvida nisso! Todo mundo sabe e vive esta realidade. Mas, nem por isso, a vida deixa de ter graça, valor, sentido e beleza.
Acontece, porém que, o fato de ser difícil, mantém muita gente, quase que o tempo todo, na defensiva, na fuga, na lamentação, na tristeza, no disfarce, na mentira e na alienação. Isso é fatal porque pode criar um pessimismo de raiz na pessoa, na cultura e na religião a ponto de estabelecer um conformismo generalista.
O ideal seria olhar para o difícil da vida como uma realidade que instiga e desafia, faz andar e se mexer, compromete e faz sonhar, inspira e faz crescer…
A vida é, antes de tudo, oportunidade! E talvez isso seja o mais difícil; principalmente hoje, no tempo do “tudo pronto e mastigado”; do comportamento “fast food” e high-tech.
A vida real exige realismo. E só o realismo liberta. Mas, tem que ser um realismo criativo e não de submissão. Um realismo que faz avançar e ousar. Um realismo que não disfarça a dor, nem a tristeza, nem o sofrimento mas, que, partindo disso faz crescer, vencer, curar e se alegrar. Um realismo de esperança, de confiança e de sabedoria. Um realismo que não nos poupa de nada mas, nos entrega tudo e, em tudo, nos faz melhores, mais saudáveis, mais fortes, mais felizes e mais humildes. Em outras palavras, nos faz amadurecer e crescer.
Eu sonho com posturas novas frente a vida. Posturas que têm como baliza a fé de Jesus: sua confiança no Pai, a vida nova do Reino e o anúncio da conversão. Exatamente isso: confiança no Pai, a vida do Reino e conversão; esta é a fé de Jesus e é isso o que transforma a vida.
Por isso, o acesso que temos, à Palavra de Deus deve ser para alimentar a conversão que inspira o realismo criativo ao invés do pessimismo conformista. Nesse sentido, quero compartilhar alguns pensamentos do livro do Eclesiastes que, trazer muitas luzes na maneira de viver e se comportar.
Assim diz o Eclesiastes:
“Mais vale a honradez do que um bom perfume, e o dia da morte é melhor que o dia do nascimento. É melhor ir a uma casa onde há luto do que ir a uma casa onde se faz festa, pois aquele é o fim de todo homem e faz, desse modo, quem está vivo refletir. É melhor a tristeza do que o riso, porque, debaixo de um rosto triste, o coração pode estar alegre. O pensamento do sábio está na casa onde há luto, mas o pensamento do insensato está na casa onde se faz festa. É melhor ouvir a repreensão do sábio do que o elogio dos insensatos, porque assim como crepitam os gravetos debaixo do caldeirão, tal é o riso do insensato. Isso também é fugaz, porque a extorsão torna insensato o sábio, e o suborno lhe corrompe o discernimento.
Mais vale o fim de uma coisa do que o seu começo, e a paciência é melhor do que a pretensão. Não fique tão depressa com o espírito irritado, porque a irritação se abriga no peito dos insensatos. Não diga: ‘Por que os tempos passados eram melhores que os de hoje?’ Não é a sabedoria que faz você levantar essa questão. A sabedoria é boa como uma herança, e útil para aqueles que vêem o sol, pois à sombra da sabedoria se vive como se vive à sombra do dinheiro. Mas a sabedoria é mais vantajosa, porque faz viver quem a possui. Procure compreender a obra de Deus, porque ninguém endireita o que ele encurvou. Esteja alegre no dia feliz, e no dia da desgraça procure refletir, porque um e outro foram feitos por Deus, para que o homem nunca possa descobrir nada do seu próprio futuro” (Ecle 7,1-14).
Façamos de hoje um dia melhor, para um futuro melhor e uma vida autêntica.
É hoje!
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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