“ABRASAI EM NOSSOS CORAÇÕES FÉ, ESPERANÇA E AMOR”

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D. EDILSON

 

Amados irmãos e irmãs!

A festa do Divino, neste ano de 2019 teve como tema: “Abrasai em nossos corações fé, esperança e amor”! Venho, portanto, refletir com vocês sobre cada uma destas virtudes teologais e pedir ao Divino Espírito Santo que nos ilumine para que também nós possamos vivenciar o Pentecostes no hoje de nossas vidas.

A primeira das virtudes é a . Cultivando a fé, acreditamos no Deus Criador, que é o Pai, no Deus Salvador, que é Jesus Cristo e no Deus Santificador, que é o Espírito Santo.

A fé é uma experiência e um sentimento que vivenciamos no dia a dia. Temos fé não somente em Deus que transcende à realidade humana, mas também nas pessoas. Quem testemunha a minha identidade? O dia, a hora e o local onde eu nasci? Meus pais ou o documento do cartório, mas eu creio no que meus pais dizem e no que consta em minha certidão. Do mesmo modo, quando entramos em um ônibus ou em um avião, acreditamos que o motorista ou o piloto são habilitados para nos transportar e nós nem os conhecemos, mas acreditamos neles.

E Deus, que criou todas as coisas e nos deu a faculdade de pensar, de raciocinar, de acreditar? Temos muito mais motivos para acreditar n’Ele, para confiar n’Ele, para nos abandonar livremente em Suas mãos.

A fé que devemos cultivar em relação a Deus é muito mais segura do que a fé que naturalmente temos nas pessoas. Assim, pela fé, cremos no Todo-poderoso e em tudo o que Ele nos revelou. Ele se revela sempre a nós. Primeiro pelos Patriarcas e Profetas, depois, através de seu Filho, que é a Sua Palavra. Ele se revela também através do testemunho dos Apóstolos. E, constantemente, através dos acontecimentos da história da humanidade e da história de cada um de nós.

Mas não basta que nós cultivemos a fé. Esta, quando verdadeira, exige ação. Quando temos um amigo, não basta que gostemos dele. Devemos dar-lhe atenção, ajudá-lo quando necessário e possível, e ajudar também as pessoas que ele ama. Se não for assim, a amizade e a confiança não são verdadeiras.

Com Deus, é do mesmo modo. De que adianta a pessoa acreditar n’Ele e não fazer nada para melhorar o mundo que Ele criou com tanto amor? Santa Teresa de Calcutá dizia: “Eu sei que o meu trabalho é como uma gota no oceano, mas, sem ele, o oceano seria menor”. E São Tiago, em uma carta, nos diz que “a fé sem obras é morta “(cf. Tg 2,26).

A ESPERANÇA é a virtude que nos ajuda a desejar e a esperar tempos melhores em nossa vida aqui na terra e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será a nossa felicidade.

Muitas vezes, passamos por momentos difíceis e achamos que nossa vida não tem solução. O mundo hoje está muito violento e cheio de catástrofes. A cada dia, acompanhamos na TV, rádio, redes sociais e até bem perto de nós, cenas de maldade, agressões, violência. E assistimos também a tragédias provocadas por desastres da natureza.

Precisamos refletir sobre tudo o que está acontecendo, encontrar onde está a falha e buscar uma solução. Sozinhos, não somos nada, mas, com Deus, tudo podemos. A esperança nos leva a tentar vencer os obstáculos.

No Antigo Testamento, a esposa de Abraão era estéril, mas o Senhor lhe prometeu uma descendência mais numerosa do que as estrelas do céu e todo o povo de Deus constitui a sua descendência, porque Sara, sua esposa, concebeu na velhice e gerou seu filho, Isaac.

No Novo Testamento, o anjo do Senhor anunciou a Virgem Maria que ela seria Mãe de um rei. E ela, de início sem compreender o que anjo falara, se prontificou a cumprir a vontade do Pai. Sofreu muito, meditando tudo no silêncio do seu coração. Esperou, esperou contra toda esperança e foi elevada aos céus e coroada Rainha dos anjos e dos santos, Mãe de Deus e Mãe da humanidade.

Seu Filho não foi aquele rei rico em coisas materiais, como nós imaginamos, no nosso mundo serem os reis. Mas Ele mesmo disse: “O meu reino não é deste mundo”. E Ele é o Rei dos Reis e ao som do Seu nome se dobram todos os seres do céu, da terra e sob a terra. Somos, por meio de Cristo, herdeiros da esperança de vida eterna.

CARIDADE e AMOR são sinônimos. A Caridade não é somente procurar uma moedinha no fundo da bolsa e jogá-la na latinha de quem pede. A Caridade não é somente ofertar um prato de comida a quem tem fome. A Caridade não é somente tirar do nosso guarda-roupa um vestido, uma blusa, um sapato ou qualquer objeto que não usamos mais e dar a quem nada tem. A Caridade é amor. É conhecer a dor da pessoa que vive perto de nós, quer seja na nossa família, na comunidade ou mais distante. Conhecer a sua dor e procurar com ela resolver o seu problema.

Caridade é dar um “bom dia”. É sorrir para uma criança indefesa, para um jovem, às vezes desorientado, para um idoso que carrega seu fardo com dificuldade.

A caridade, o amor é a virtude perfeita. Neste mundo, precisamos ter fé, esperança e amor. Precisamos ter fé e esperança porque aqui estamos caminhando nas trevas, isto é, acreditamos em algo que não vemos com os nossos olhos humanos e limitados. Mas cremos na aurora que dissipará essas trevas e, quando alcançarmos a vida eterna, a fé e a esperança já não serão necessárias, porque já estaremos diante do Pai. Por isso é que São Paulo, em sua Primeira Carta aos Coríntios, termina o capítulo 13 dizendo: “Agora, portanto, permanecem três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas é o amor”.

Nós estamos hoje aqui celebrando a Festa do Divino, o dia de Pentecostes. Imaginemos os Apóstolos naquele dia da Ascensão de Jesus. Ele desapareceu dos seus olhos e disse: “ide, pregai o meu Evangelho, batizai… (Mt 28,19). Palavras decisivas e comando preciso. Mas aqueles pobres homens devem ter pensado: “E onde vamos? Quem acreditará em nossas palavras? Certamente, eles devem ter recordado estas palavras de Jesus: Não vos deixarei órfãos. Vos mandarei um Consolador que permanecerá convosco para sempre…” (Jo 14,18). Pensado nesta promessa, os Apóstolos se fecharam no cenáculo à espera da realização da promessa.

Tiveram medo. Medo, porque já tinham experimentado os próprios limites. De fato recordavam de ter fugido do Horto das Oliveiras e de ter deixado Jesus só. Medo, porque recordavam que um deles o havia traído…, e o primeiro deles, Pedro, havia renegado o mestre por três vezes. Tinham medo! Por isso oravam no cenáculo.

Finalmente, tornaram-se humildes, começaram a crer verdadeiramente que sem Jesus e sem o seu Espírito, não podiam fazer nada.

Vem o Pentecostes! Improvisamente receberam o dom do Espírito de Jesus e ficaram plenos de consolação, tornaram-se corajosos, se sentiram destemidos para o anúncio da Verdade.

Pedro, que um dia tremeu diante da pergunta de uma serva, agora fala publicamente na praça em Jerusalém e grita a sua fé: “Jesus, que vós o crucificaste, ressuscitou!” (At 2,23). Inicia a época do martírio, a época do “sangue” doado pela fé.

Mas, Pentecostes é um fato do passado ou é ainda possível? Um raciocínio simplíssimo: se a Igreja de Jesus deve levar a Boa Nova a todos os povos e em todos os tempos, evidentemente a promessa de Jesus permanece válida em todas as épocas.

Disse Jesus a seus Apóstolos: “Como o Pai me enviou, assim eu vos envio” (Jo 20,21). As palavras de Jesus valem todos os dias, em qualquer uma das situações em que vivermos.

Somente o Espírito pode dar-nos a luz para entendermos a entrega de Cristo e pode fazer-nos sentir a alegria de viver para Ele.

Jesus diz também: “recebam o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem não lhes perdoardes, não serão perdoados”. (Jo 20,22-23).

Jesus não quer dizer que a sua Igreja há o poder quase caprichoso de perdoar quando e como quer. Também a Igreja está sob o juízo da Palavra e ela (a Igreja) sabe bem disso. Ele recorda contemporaneamente que a sua Igreja é feita de pecadores em contínua conversão. Por isso. Devemos pedir sempre: “Oh, Divino Espírito Santo! Abrasai em nossos corações, fé, esperança e amor”.

 

Dom Edilson Soares Nobre

Solenidade de Pentecostes 2019

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