“QUEM AMA A DEUS AME TAMBÉM A SEU IRMÃO” (1Jo 4,21).

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O Código da Aliança quando alinha o amor a Deus com o amor ao irmão, não faz, grosseiramente, um “nivelamento por baixo”; antes, faz a grande revolução do sentido da vida, funda o novo paradigma religioso, estabelece a condição “sine-qua-nom” para o discipulado.

Dirá o Êxodo 22,20-26: “Não explore o imigrante nem o oprima, porque vocês foram imigrantes no Egito. Não maltrate a viúva nem o órfão, porque, se você os maltratar e eles clamarem a mim, eu escutarei o clamor deles. Minha ira então se inflamará, e eu farei vocês perecerem pela espada: as mulheres de vocês ficarão viúvas e seus filhos ficarão órfãos. Se você emprestar dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive ao seu lado, você não se comportará como agiota: vocês não devem cobrar juros. Se você tomar como penhor o manto do seu próximo, deverá devolvê-lo antes do pôr-do-sol, porque ele se cobre com o manto, que é a veste do seu corpo; como iria cobrir-se ao dormir? Caso contrário, se ele clamar a mim, eu o ouvirei, porque sou compassivo.”

A série de leis que aparecem nesse texto bíblico baseia-se em dois fundamentos: primeiro, não se deve fazer a outrem o que não é desejado para si mesmo (Ex 22,20) e, segundo, Deus é o libertador e tem particular cuidado com os atribulados, escuta seus clamores e é misericordioso para com eles (Ex 22,26).

São estas as categorias sociais mencionadas nas proibições. Primeira categoria: o estrangeiro. Na Antiguidade, cada indivíduo tinha a identidade vinculada a uma tribo ou clã de origem que o protegia. Em viagem ou quando havia migração de uma pequena família para outra região, facilmente essas pessoas ficavam sem proteção e à mercê da violência, por causa da distância da tribo à qual pertenciam. Segunda Categoria: a viúva e o órfão. A mulher era protegida pelo pai e, na falta deste, pelos irmãos adultos; se casada, pelo marido e, na ausência deste, pelos filhos adultos. A viúva propriamente dita era uma mulher cujo pai ou irmãos estavam ausentes e que, com a morte do esposo, tinha ficado sozinha com filhos ainda crianças. Nessa condição, a mulher estava totalmente desprotegida, podendo sofrer violência e escravidão. Ela está na mesma situação da criança órfã.

Dirá o evangelho de São Mateus 22,34-40: “Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: ‘Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?’ Jesus respondeu: ‘Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos’.”

A resposta de Jesus, fundamentada na Escritura, une dois mandamentos já conhecidos e praticados pelos judeus. O primeiro é amar a Deus (Dt 6,5), que resume a vocação própria de Israel, a razão de sua existência. Em Cristo, essa vocação estendeu-se a todos nós, chamados a amar a Deus no Filho amado. Ele nos ensinou o caminho de acesso a Deus Pai, no amor e na doação de sua vida integralmente. O segundo é amar o próximo como a si mesmo (Lv 19,18), cujo fundamento é Deus, que ama o ser humano.

A realização desse mandamento faz parte da vocação de Israel e, em Jesus, chegou à plenitude, porque Cristo amou o próximo não como a si mesmo, mas como o Pai o ama. Deu-se totalmente ao outro como se dava totalmente ao Pai e como o Pai se dava a ele. Sem reservas. Por isso, ao unir os dois mandamentos e defini-los como vontade de Deus expressa na totalidade da Escritura (lei e profetas), Jesus apresenta uma novidade à sua época e a nós.

Jesus quer ressaltar que o mais importante para cumprir a vontade de Deus não é o muito fazer, seja por Deus, seja pelos irmãos. O importante é ser para o outro, como ele próprio foi para Deus e para o próximo.

(Confira as reflexões na revista vida pastoral de outubro de 2017). 

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Foto: Google

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