O transbordamento da Páscoa

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Nenhum acontecimento é um fato perdido no tempo ou isolado num espaço. Pelo contrário, todo e qualquer acontecimento conta com um transbordamento natural, para além do(s) sujeito(s), seu tempo e seu lugar. Por essa razão, enquanto transborda, o acontecimento em questão multiplica influências, ideias, ideais, adeptos, seguidores, instituições e feitos.

A Páscoa é um desses acontecimentos que transbordou: para além de Jesus, do seu tempo e da sua terra e, continua transbordando. E porque não foi um acontecimento qualquer, mas, um evento salvífico, deve ser concebido como Mistério e, sua dinâmica não depende do vento das circunstâncias e das possibilidades, mas é, inteiramente, obra da graça de Deus. Por isso, exclamamos com o salmita: “Sua bênção transborda como rio e rega a terra como inundação” (Sl 39,22).

Aliás, este salmista, em todo o salmo 39, faz uma belíssima reflexão sobre as obras de Deus que, são todas boas, e nos ajuda a entender o seu Propósito de Salvação, no Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Vamos retomar o Salmo:

“Vou expor agora as minhas reflexões, pois estou repleto delas como a lua cheia. Escutem-me, filhos santos, e cresçam como roseira plantada à beira d’água corrente. Espalhem bom perfume como incenso e floresçam como lírio. Espalhem perfume e entoem um canto, bendizendo ao Senhor por todas as suas obras. Engrandeçam o nome do Senhor e proclamem os louvores dele com seus cânticos e cítaras.

Vocês o louvarão assim: Como são magníficas todas as obras do Senhor! Todas as suas ordens são executadas pontualmente. Não é preciso dizer: ‘O que é isto? Por que aquilo?’ Todas as coisas serão esclarecidas a seu tempo. A uma ordem dele, a água parou e se juntou e, à sua voz, se formaram os reservatórios de água. Sob sua ordem, tudo o que ele deseja é realizado, e não há quem possa impedir sua obra de salvação.

Diante dele estão todas as obras dos homens, e nada consegue esconder-se de seus olhos. Seu olhar se estende de eternidade em eternidade, e para ele nada é extraordinário. Não é preciso dizer: ‘O que é isto? Por que aquilo?’ Pois todas as coisas foram criadas para uma finalidade. Sua bênção transborda como rio e rega a terra como inundação. Dessa forma, as nações fazem experiência de sua ira, tal e qual como transformou as águas em deserto salgado. Seus caminhos são retos para os homens santos, mas para os injustos estão cheios de obstáculos.

Desde o princípio, as coisas boas foram criadas para os bons, assim como os males foram criados para os pecadores. Para a vida do homem, as coisas de primeira necessidade são as seguintes: água, fogo, ferro, sal, farinha de trigo, leite, mel, suco de uva, óleo e roupa.

Todas essas coisas são boas para os fiéis, mas para os pecadores se tornam más. Há ventos que foram criados para castigar e que, enfurecendo, se tornam flagelo. Quando chegar o fim, eles desencadearão sua violência, e aplacarão o furor do seu Criador. Fogo e granizo, fome e morte foram criados para castigar. Os dentes das feras, os escorpiões, as cobras e a espada vingadora existem para arruinar os injustos. A uma ordem do Senhor, essas coisas se alegram e estão prontas na terra para qualquer necessidade. No tempo oportuno, não transgredirão a ordem recebida.

Por isso, desde o início tive certeza e, depois de refletir, coloquei por escrito: ‘Todas as obras do Senhor são boas, e ele prevê todas as necessidades no momento certo’. Não se pode dizer: ‘Isto é pior do que aquilo’, porque no momento certo todas as coisas serão reconhecidas como boas. Agora, cantem hinos com o coração e com a boca, e bendigam o nome do Senhor” (Sl 39,12-35).

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

Foto: Google

 

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