Maria das lutas e das dores quer ser feliz!

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Mulher lutadora. Nunca houve uma luta para ela enjeitar. Desde menina, quando Maria, ainda, tinha 8 anos de idade, ajudava a mãe Dolores a cuidar dos irmãos mais novos para que, no curto inverno de cada ano, as únicas duas tarefas de legumes pudesse garantir o sustento da família, diante da seca, cada vez maior e mais dura.

Ela nem pôde estudar direito, mas, era uma pessoa de sabedoria sem par e, dava gosto seu senso prático. Fazia qualquer conta de cabeça e, ninguém, melhor do que ela, para dar ponto em doce, seja ele que tipo fosse, e fazer o todos os ‘quibebos’ da quaresma: um ensopado de abóbora, tido como o ouro da mesa dos penitentes; uma iguaria.

Sua mãe sempre falava para todo mundo o quanto ela era responsável e dedicada; que pensava muito nos outros; que era limpinha; que era ajuizada… Mas, ela mesmo, não se ufanava; pelo contrário, era muito discreta. Pouco ou quase nunca se ouvia uma palavra de sua boca.

Muito devota, não deixava de ir à igreja por nada. Estava sempre presente. Tinha um pequeno altar no canto do quarto dela e dos irmãos, com a única imagem do “Padinho Ciço Romão Batista”, que ganhara de Siá Dona, com quem aprendeu a rezar em criança.

Todo o tempo em que viveu no interior da pequena cidade onde viria a morar depois de casada aquela mulher tinha um sonho: ter tantos filhos, o quanto Deus desse. Mas, não foi assim que aconteceu, depois de quinze anos de casada com Mundico.

Mundico era um homem muito bom. Trabalhador estava ali. Como Maria tinha uma família numerosa e era o irmão mais velho da casa. Não era órfão mas, viveu como se não tivesse pais. Foi criado pela tia a quem tinha uma verdadeira veneração. Mas, antes de sair da casa dos pais, viveu em contato com a cachaça o tempo suficiente para levar para própria vida a maldição da bebida, o que sustentou por muito tempo às escondidas, como uma espécie de autoflagelo e condenação.

Casados, Maria até que tentou, sem sucesso ajudá-lo a sair do vício. Mas, ao invés de deixar de beber, assumiu o vício publicamente. E, depois de dez anos de casados, quando os pais morreram, foi ai que a situação ficou pior: abandonou o trabalho e o dia-a-dia com a esposa e, passou a viver nas portas dos bares. Até se tornar um quase mendigo.

Mas, o problema maior de Mundico com a bebida foi quando ele descobriu que não poderia ter filhos. Guardou silencio e, desde então, foi afogando sua tristeza toda na embriaguez cotidiana.

Maria, sempre, se perguntava a Deus qual era a razão de tanta dor e sofrimento: casada e sem marido, mulher e sem filhos, cheia de sonhos e só com dramas.

Não demorou muito e Maria teve que sepultar o Mundico que morreu de cirrose.

Mas, ao invés de morrer com o marido, Maria resolveu ser mãe dos meninos que sempre quis criar.

É claro que essa resolução não era um mero capricho para se vingar da sorte que a vida lhe impôs, num casamento sem filhos. Pelo contrário. O silêncio da esterilidade que Mundico guardou e, por infelicidade, afogou na cachaça, ela o reservou ao coração enquanto, com a discrição das lágrimas, buscava seu marido, aos pedaços e sem forças, nas inúmeras portas de bares.

Hoje Maria já é avó dos seis filhos de criação. Cada um tem sua casa e um casal de filhos. Só o mais novo que, ainda, não. É casadinho de novo, mora com Maria e, como ela já está de idade e cheia de cansaços e dores, que lhe dispensar atenção.

Maria não fala nada. Respeita de cada filho a decisão. E, todas as noites, em silêncio, na hora rezar, diante do altar, do “Padinho Ciço Romão”, agradece e louva a Deus por sua respiração. É mãe por sonho e por graça. Até que poderia ter os “seus”. Mas, Deus quis lhe fazer um presente, uma surpresa de Pai. Os filhos que outras mães não queriam, Deus quis entregar em suas mãos!

 

 

Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos

 

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