Ninguém nasce com uma tarja na testa com uma inscrição dizendo o que vai ser na vida. Ninguém, tão pouco, nasce pré-determinado para isso ou para aquilo. Não somos como cartas marcadas de baralho viciado. O nosso SER e a nossa REALIZAÇÃO não é fruto da projeção de alguém. Qualquer pessoa vai se conhecendo e se encontrando; se descobrindo e se formando; se percebendo e se relacionando.
Somos seres inacabados. Estamos em construção cada dia. Em meio a qualidades e defeitos podemos ir tecendo as melhorias, ampliando as qualidades, vencendo as limitações e corrigindo os nossos erros. Nada é tão necessário em nossa vida como este espaço de realização.
As potencialidades de cada são inatas, mas, a realização delas depende do investimento diário, do zelo, da dedicação, da perseverança, da paciência, do interesse e do esmero que cada um deve dispor. Nós somos aquilo que fazemos e fazemos aquilo que somos.
Nesse caso, para não perdermos de vista aquilo que é o nosso chão e a nossa meta; aquilo que é a nossa direção e a nossa ação; aquilo que é a nossa esperança e a nossa missão: precisamos usar o DISCERNIMENTO VOCACIONAL.
O Discernimento é pressuposto do processo formativo de todas as pessoas. Sem discernimento não há decisão sólida e nem resposta duradoura. Sem discernimento não há compromisso e nem responsabilidade. Sem discernimento não há nada que se sustente e se solidifique.
Discernimento não é, simplesmente, uma habilidade intelectual para se referir a algo com precisão e clareza. Muitos são os que têm clareza das coisas, mas, não enxergam sua profundidade. Discernimento, portanto, é um processo permanente de checagem pessoal, no que diz respeito ao conjunto das condições e aspirações humanas para os diversos investimentos na vida e, ao mesmo tempo, checagem daquilo a que se aspira e almeja na vida, em vista de uma resposta.
Em outras palavras, ninguém dá um SIM verdadeiro, responsável e consequente se não sabe quem chama (GÊNESE); se não tem os pés no chão (FUNDAMENTOS); se não conseguiu definir o que quer da vida (OBJETIVOS); se não sabe aonde quer chegar (META).
A chave do discernimento é o discipulado. Para Discernir é preciso não apenas inteligência, mas convivência com o objeto da resposta (gênese e meta); aquilo que constitui a matriz da vocação: como? por quem? por quê? para que? – foi chamado.
A perspectiva da convocação de Jesus é MISSIONÁRIA, feita para pessoas que são já os seus DISCÍPULOS. Chamando-os, o Senhor queria que eles anunciassem a obra do Pai neles. Sendo assim, no que se refere à nossa vocação, fomos chamados para ser e fazer discípulos (Mt 28,19).
A ação e a mensagem de Jesus se entrelaçam com a textura histórica das reações humanas: de acolhimento e rejeição, adesão e suspeita, entusiasmo e perplexidade. Ao redor de sua pessoa, em contínuo movimento, se revezam a multidão, os discípulos, os parentes, os adversários.
Os discípulos chamados por Jesus constituem uma unidade com a sua pessoa e a sua missão; são destinatários de muitas instruções e revelações em privado: com eles Jesus discute e esclarece seu projeto e suas opções. Vale a pena investir bem mais naquilo que cada um foi construindo ao longo da vida, com o fim de realizar-se como pessoa cristã e cidadã. Discernimento acima de qualquer coisa
O papel do discípulo é determinado pelo escopo da vocação: estar com Jesus para compartilhar seu destino e sua missão (Mc 3,14). Em outras palavras, o discípulo é um homem totalmente comprometido com Jesus e, com ele, empenhado no anúncio do Reino não só com palavras , mas com uma opção de vida. Daí derivam as condições para ser discípulo: a plena liberdade em relação ao passado, aos vínculos e ligações de parentesco (Mc 3,31-35) e à propriedade; a pobreza como disponibilidade à missão (cf. Mc 6,8-11; 10,23-30).
Por: Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
Foto: Google