Estamos no mês da Bíblia, lendo a primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses. Nesta semana, enquanto lia e meditava o texto bíblico e a cartilha do mês da Bíblia, detive-me no tema que faz referência a 1Ts 2,8: “Anunciar o Evangelho e doar a própria vida”. Imediatamente me veio ao coração a belíssima meditação de 1Cor 13,1-8 que, Dom Erwin Krautler, bispo emérito da Prelazia do Xingú, fez para os retirantes da Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, em Janeiro de 2017, na chácara do CIMI, em Luziânia, próximo a Brasília.
Na ocasião do retiro, ele insistia na necessidade de uma permanente revisão vida para a conversão e, por conseguinte, para uma entrega mais decidida e amorosa, da própria vida pelo bem do Reino de Deus. Nossa primeira missão é o amor!
São João da Cruz disse: “No entardecer da vida seremos julgados sobre o amor.” Assim proponho um exame de consciência a partir da Sinfonia do Amor de São Paulo (1 Cor 12,31 – 14,1a), mormente dos versículos 4 a 8.
Paulo começa com dois atributos que o Antigo Testamento reserva para Deus: a paciência/longanimidade e a bondade/amabilidade). Paulo coloca estes atributos “divinos” como primeira característica do Amor e recomenda que vivamos a paciência-longanimidade e a bondade-amabilidade para com o próximo como Deus a manifesta para conosco.
Vêm, em seguida, oito enunciados negativos, esclarecendo o que o Amor não é, jamais pode ser, o que não faz e nunca permite que se faça:
- “não é invejoso”: O Amor não conhece inveja, ciúme, ambições, carreirismo, rivalidades, paixões que tanto envenenam a convivência humana e tanto mal fazem à nossa Igreja.
- “não se ostenta” (“não é presunçoso”, “não é fanfarrão”): O Amor não se preocupa com o que “dá mais IBOPE”! Não procura publicidade, fama, popularidade.
- “não é orgulhoso” (“não se incha de orgulho”): O Amor exclui todo tipo de arrogância e ostentação, soberba e vanglória, tirania e prepotência.
- “nada faz de inconveniente” (“vergonhoso”): O Amor jamais atenta contra a moral e a honra, a dignidade de quem quer que seja. São invioláveis a intimidade, a vida privada e a honra das pessoas.
- “não procura o seu próprio interesse”: O Amor não é egoísta, não calcula vantagens pessoais, não pergunta: “o que ganho com isso?”
- “não se irrita” (“não se encoleriza”): O Amor é sereno, dialoga e procura entender, não perde o equilíbrio emocional a ponto de causar mágoas ao próximo.
- “não guarda rancor” (“não leva em conta o mal sofrido”): O Amor cobre ofensas com o manto do perdão, jamais apela para a vingança, nunca parte para o revide.
- “não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade”: O Amor sofre com a injustiça que é fruto do ódio, desrespeito e desprezo à dignidade da pessoa humana feita à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26). Mas se regozija com tudo que é verdadeiro, autêntico, inspira confiança, tudo que promove o relacionamento aberto, sincero, transparente entre as pessoas, aposta na fidelidade total, indestrutível e irrevogável.
Os oito enunciados negativos que indicam o que o Amor não é, as dissonâncias e cacofonias causadoras de tanto mal-estar e ansiedade na comunidade e em nossa vida pessoal, de repente, cedem lugar a um quarteto afirmativo que anuncia, numa harmonia divina, tudo aquilo que o Amor encerra: tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. E conclui: “O Amor jamais passará” (13,8).
O Amor jamais passará, porque “Deus é Amor: aquele que permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele” (1 Jo 4,16).
A máxima de nossa vocação e missão é: Acima de tudo o amor!
Por; Pe. Edivaldo Pereira dos Santos
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